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GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

Há mais de um século

Estamos nos aproximando do fim de outro ano difícil, mas que trouxe notícias boas, com a superação gradual da pandemia, graças à vacinação. Sabia-se desde o início que só a imunização poderia frear o contágio e, em consequência, as mortes causadas pela Covid-19 no Brasil. Hoje, quando os números mostram a redução de casos na maioria das regiões, percebemos o acerto de quem apostou nisso desde o começo. O temor quanto a novas variantes do vírus persiste, mas a sensação, de modo geral, é de que a situação chegou a um patamar controlável.

Mesmo assim, há quem insista em desprezar a relevância da imunização. A polêmica da vez é a cobrança do passaporte vacinal – e, por tabela, de qualquer regra condicionando a circulação de pessoas à comprovação de que se vacinaram. O argumento contrário é, em geral, sempre o mesmo: a defesa da liberdade individual (para alguns, valor maior do que a própria vida), supostamente afrontada pela exigência de obrigatoriedade. Não é um discurso novo.

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A revolta não estourou sem motivos. Há relatos de que as brigadas sanitárias invadiam casas e imunizavam a população à força. (O escritor Moacyr Scliar retratou esse período com vivacidade no romance Sonhos tropicais, de 1992.) E se hoje, em 2021, pessoas conseguem acreditar nas mais bizarras fake news, imagine como era convencer a opinião pública há mais de um século. Por exemplo, acreditavam que a vacina contra a varíola transformava seres humanos em animais. Mas estávamos, é claro, em 1904.

E veio a rebelião. De 10 a 16 de novembro, um motim popular resultou em 110 feridos, 30 mortos e 945 prisões. O governo revogou a vacinação obrigatória. Mais tarde, em 1908, o Rio foi atingido pela mais violenta epidemia de varíola da história. E as pessoas procuraram a vacina de forma espontânea, para preservar o que mais lhes importava: suas vidas.

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