Era domingo, 3 de agosto. A previsão marcava chuva, o que se confirmou já na noite do sábado, 2. Um significativo acumulado em horas. Havia trabalhado no sábado, estava de plantão. Então, me permiti levantar mais tarde no domingo, afinal, a semana tinha sido intensa. Quando toquei meus pés na pantufa ao lado da minha cama, e dei o primeiro passo, percebi que o chão estava molhado. Imediatamente, mirei meus olhos para a janela ao lado. Abri a cortina. Ao ver a luz do dia, logo identifiquei o problema.
Um pequeno buraco causou um vazamento considerável. Na noite anterior, deixei uma calça em cima do móvel que fica em frente à janela. E foi justamente esse item que impediu que a água se proliferasse em maior quantidade para as demais repartições do meu apartamento.
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A primeira reação foi o susto. Instantes depois, a instabilidade momentânea deu lugar aos panos que precisaram reter o estrago instaurado. Foi necessário um varal inteiro para acomodar todos os itens usados. Nunca enfrentei uma situação dessa natureza.
O primeiro pensamento que me veio à memória foi a enchente de maio de 2024. Pensei: “Como as pessoas atingidas lidaram com a força da água?” É evidente que o meu problema é irrisório perto de quem teve casas inundadas e até perdidas pela catástrofe ambiental. O fato é que, após mais de um ano, boa parte dessas pessoas ainda não conseguiu se reerguer. Além disso, estradas ainda clamam por melhorias e famílias continuam sem ter sua própria moradia.
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A mobilização existiu e ainda existe. No entanto, ela esbarra na burocracia. Bilhões de reais já foram investidos nos âmbitos municipal, estadual e federal. Mesmo assim, ainda há muito a ser feito. Atrasos em obras, repasses liberados e impedidos por trâmites burocráticos. Na última quarta-feira, 13, foi lançado o Centro de Referência Internacional em Estudos Relacionados às Mudanças Climáticas (Criec). O objetivo do programa é buscar promover soluções para que o Estado possa se adaptar às mudanças climáticas.
Concordo que alternativas precisam ser pensadas e executadas, entretanto, a questão é que, preferencialmente, sejam colocadas em prática a curto ou, no máximo, médio prazo. Em junho deste ano revivemos a tensão das chuvas intensas. Novamente, estradas ficaram bloqueadas, famílias precisaram deixar suas casas e o “medo” voltou à cena.
O dia 17 de junho de 2025 foi o mais chuvoso da história de Santa Cruz do Sul. Como jornalista, vivi junto com os 478 municípios gaúchos afetados pelas cheias a angústia de uma situação que chocou o Brasil e o mundo. Com as chuvas de junho deste ano, esse sentimento, de certa forma, aflorou em forma de preocupação. A natureza é implacável. Até quando vamos viver à mercê do “medo?”.
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