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GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

Histórias de Natal

Bom, na verdade, eu quase nunca recebi de graça nada do Papai Noel.

Meu pai tinha armazém e na véspera do Natal tínhamos que distribuir encomendas e bebidas. Aos 14 anos eu já o acompanhava. Minha maior honra foi quando consegui carregar nos braços um saco de farinha Donângela de 25 quilos. Engradados de Coca-Cola, de madeira, deixavam colorida minha camiseta, pois a tinta se soltava.

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Eu dava de ombros, afinal estava ajudando meu pai e trabalhar nunca foi vergonhoso. Cresci numa família que tinha alegria pelo trabalho.

A mãe fazia um pinheirinho e cantávamos. Mas nem sabíamos o que era peru, champanha e essas coisas.

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Geralmente ao fim da tarde vinha uma chuvarada e meu pai nos punha dentro de sua caminhonete Dodge. Atenção, jovens de 40 anos: não havia ar-condicionado, nem assentos na carroceria. Íamos tomando chuva e achando muita graça. Presentes? Bem simples. Mas num Natal, num gesto hercúleo, minha mãe comprou uma camiseta do Inter na loja do sr. Dreyer. Eu dormia abraçado nela.

Vamos para outras paragens.

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Lá não há times grandes de futebol. Lá gostam de rodeio.

Decidi oferecer na fazenda uma festinha de Natal. Gente pobre da redondeza e os filhos dos peões. A festa seria no galpão grande onde se guarda o maquinário. Pegamos uma carreta e escondemos um peão, vestido de Papai Noel, debaixo de uma lona.

A piazada ansiosa pelo Papai Noel e seus presentes. Dei um grito: “Apareça, Papai Noel!!!” Pois não é que o peão atirou a lona para cima e pulou para perto da criançada. Foi um alarido, mulheres correndo, estrupício total, debandada, crianças chorando. Um escarcéu. Mas terminou tudo bem.

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***
Eu cursei o primário no Liceu São Luís em Santa Cruz. A cada fim de mês eram entregues os boletins. O professor começava pelo primeiro lugar. Quase sempre era o Telmo Kirst. Desde piá era um líder. Revelou-se, como era esperado, um grande administrador. Perda lamentável.

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