Meus filhos nasceram e cresceram em países desenvolvidos, e por isso procuro sempre mostrar que existem muitos lugares onde crianças como eles vivem em pobreza extrema. Visitamos alguns desses lugares juntos, na África e na América Latina, e sempre falei muito sobre a Índia, onde milhões de crianças dependem de ajuda material, cuidados e carinho de voluntários e assistentes sociais.
Partindo para uma viagem à Índia, fui surpreendido por Beatrice, na época com 4 anos, que, ao se despedir, trouxe-me sua caixinha com as pequenas mesadas que recebe. Pediu-me que doasse todo o dinheiro a crianças pobres. Fiquei emocionado com aquele desprendimento e solidariedade espontâneos.
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Semanas depois, recebi uma carta de agradecimento, escrita pelas crianças de um orfanato de Tamil Nadu e dirigida a Beatrice, relatando as peças de roupa e o material escolar que haviam sido comprados. Ela ficou muito surpresa e feliz, e eu, com a lição de que singelos atos de bondade e empatia podem gerar uma reação em cadeia, transformando pequenos esforços em ações significativas.
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Do ponto de vista prático, constato, em cada passagem, que a maior democracia do mundo evolui, ainda que a passos lentos. Já não se veem tantas crianças, doentes e velhos abandonados como há 20 anos, e a qualidade de vida do povo segue melhorando consistentemente. Ainda existem muitos problemas básicos e estruturais, mas esse país, com mais de seis vezes a população brasileira, avança, com educação como prioridade e sem tentar soluções simples e truculentas para problemas complicados.
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Ao mesmo tempo, pontos comuns parecem harmonizar essas relações, marcadas pelo respeito aos mais velhos, pela família, por professores e por convidados. Em empresas familiares, muitas delas de médio e grande porte, vi, muitas vezes, em local de destaque, a foto dos fundadores ou dos pais dos proprietários em uma espécie de santuário, onde são saudados e reverenciados dezenas de vezes por dia.
O país melhora sensivelmente a cada ano, de forma contundente e democrática, sendo hoje uma das nações com as maiores taxas de crescimento econômico (Banco Mundial). A educação de qualidade, em todos os níveis, é encarada mais como um direito do que como privilégio.
Há ênfase especial nas áreas científica e tecnológica, com destaque para os famosos Institutos Indianos de Tecnologia. A Índia coloca foguetes no espaço, tem pesquisa nuclear de ponta, e forma 1,5 milhão de engenheiros por ano, hoje com boa colocação nos mercados doméstico e mundial.
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