A volta da inflação preocupa os brasileiros. Mesmo que a situação esteja longe da realidade vivida no início dos anos 90, o filme das remarcações diárias ainda está vivo na lembrança de muita gente.
As altas de preços começaram a infernizar a vida das famílias já nos primeiros anos da década de 1980. Em 1986, o ex-presidente José Sarney lançou o Plano Cruzado, cortando três zeros da moeda (cruzeiro) e estabeleceu o congelamento de preços. A medida resultou na falta de mercadorias e na cobrança de ágio nas compras, o que fez a inflação voltar com tudo, atingindo, em dezembro daquele ano, 415%.
A partir daí, sucederam-se vários planos econômicos, entre eles o do ex-presidente Fernando Collor que confiscou os depósitos da Poupança. Nada, no entanto, foi capaz de aplacar a inflação, que chegou a 1.782% em 1989. Em 1993, atingiu 2.780%. Nos supermercados, as maquininhas de etiquetar mercadoria não paravam. Pela manhã, o preço era um e, à tarde, outro.
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Somente em 1994, no governo do ex-presidente Itamar Franco, o pesadelo teve fim. Em fevereiro, a equipe econômica, liderada pelo ministro da Fazenda e depois presidente Fernando Henrique Cardoso, lançou o Plano Real, iniciativa que, por muitos anos, manteve o controle dos preços. Somente nos últimos meses, eles começaram a revelar tendência de alta mais acentuada.
Para o professor de Economia da Unisc, Sílvio Cezar Arend, ainda é cedo para avaliar o futuro do Plano Real que, há duas décadas, tem conseguido conter a inflação. Mas, nos últimos meses, surgiram sinais de alerta. “Acredito que a equipe econômica do governo esteja fazendo os ajustes necessários para superar os problemas.”
Em uma economia realmente estabilizada, não acontecem picos de inflação elevada como os verificados nos últimos meses. Arend lembra, no entanto, que em um sistema capitalista isso ocorre com relativa frequência. Mesmo com taxas menos elevadas, recentemente, a instabilidade atingiu os Estados Unidos, Japão e países da União Europeia.
Indexação complica
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Segundo Sílvio Arend, um dos problemas da economia brasileira é a indexação que existe entre os preços de vários setores. Citou, por exemplo, a recente elevação da gasolina que desencadeou uma série de outras altas, como dos fretes e das mercadorias em geral.
Situação idêntica ocorre com as altas da energia elétrica, que têm reflexos nas indústrias e no comércio, gerando elevações no preço final dos produtos. É o chamado “efeito dominó”. Conforme o professor, enquanto não houver mecanismos que possam conter essa indexação, o Brasil estará sujeito aos picos inflacionários.
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