ads1 ads2
GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

Jackie Robinson

A história, contada com uma ou outra variação, diz o seguinte. Durante uma partida de beisebol, dois jogadores da mesma equipe estavam lado a lado no campo, enquanto ouviam uma enxurrada de insultos racistas das arquibancadas. Difícil saber exatamente o que sentiam, talvez um mix de emoções – tristeza, indignação, apatia. Um deles diz: “Quem sabe amanhã todos usemos 42, para que ninguém mais consiga nos diferenciar.”

O jogador que inspirava tamanha intolerância – chegou mesmo a ser ferido nos jogos e teve a família ameaçada – era Jackie Robinson, o primeiro negro a atuar nas chamadas grandes ligas desse esporte nos Estados Unidos dos anos 40. Do seu pioneirismo e coragem nasceu o Jackie Robinson Day, ou “dia do 42”, sempre em 15 de abril, quando todos os atletas jogam com esse número nas costas – o mesmo que ele usou em sua carreira. A data é simbólica: foi em 15 de 1947 que ele atuou pela primeira vez.

ads6 Advertising

Publicidade

Robinson e tantos outros, em variados países e circunstâncias, representam algo que tem potencial de provocar mudanças profundas: a atitude individual. Embora o registro histórico mostre que ele tinha plena consciência da importância do que estava fazendo, rompendo a chamada “linha da cor” no beisebol, é certo que suas preocupações eram mais prosaicas, como jogar no esporte que amava e cuidar da família. Mas sua coragem individual impactou a luta contra o preconceito e a segregação, como tantas outras iniciativas isoladas.

Quando pensamos, por exemplo, nos recorrentes problemas do nosso país – tão conhecidos que dispensam enumeração –, a tendência é aspirar por grandes feitos e movimentos que mudem a história. Ninguém imagina que um gesto simples e isolado, quase despretensioso, possa ter grande impacto. Estender a mão a alguém, apoiar materialmente ou com palavras, dar um constante exemplo de bom caráter – ou até um sorriso – causam efeitos em cadeia cuja extensão desconhecemos. Não é preciso participar de um grupo, um movimento, uma organização, para mudar o mundo. Assim fez Jackie Robinson: lutou para sobreviver à violência e à humilhação e legou a todos seu exemplo. Fez o que todos deveríamos: iluminou o pedacinho de mundo que coube a ele.

ads7 Advertising
ads9 Advertising

© 2021 Gazeta