Um carro abandonado às margens da RSC-287, em Santa Cruz do Sul, localizado na manhã dessa quarta-feira, 26, com três bezerros mortos dentro, expôs a preocupação das comunidades do interior com os ladrões de gado.
Em Linha Pinheiral, onde o veículo foi encontrado pelo Comando Rodoviário da Brigada Militar, moradores relatam estar apreensivos, com medo e até com dificuldade para dormir devido aos casos de abigeato (furto de animais).
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Porém, o lugar que já foi sinônimo de tranquilidade hoje é cenário para a ação de ladrões. “Isso não é vida. Tentaram nos roubar na quinta-feira, dia 13, mas eles foram vistos e fugiram. O vizinho veio nos chamar e fomos até o campo. Na sexta-feira seguinte, eles entraram por um outro lugar e levaram uma vaca que estava para vir com terneiro. É um pecado. Isso não se faz”, desabafou.
A agricultora comentou que os criminosos também furtaram da propriedade outros dois animais, com média de 260 quilos. “Fiquei sem três cabeças de gado, um bezerro e o leite que serviria para o consumo e venda nas feiras.”
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TERNEIROS MORTOS
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O carro foi apreendido e levado à Delegacia de Policia de Pronto Atendimento, que transferiu o caso à DP de Vera Cruz, em função de suspeitas de que o gado encontrado morto no veículo tenha sido furtado de uma propriedade vera-cruzense.
O delegado Paulo Schirrmann, da DP de Vera Cruz, relatou, entretanto, que os abigeatos não são rotineiros na cidade. “As propriedades da região não comportam grandes quantidades de animais. Quando há esse crime, percebemos que os bandidos fazem uso da carne em benefício próprio ou vendas clandestinas”, ressaltou. Schirrmann ainda destacou que a polícia busca descobrir a origem dos bezerros mortos, além de identificar os criminosos e os motivos que os levaram a abandonar o veículo.
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“Não se dorme mais”, lamenta agricultora
Assustada, a produtora rural descreveu que os ladrões aproveitaram até os cascos das patas dos animais, abatidos com cortes rentes à cabeça. “Não se dorme mais. Eu levanto, pego o carro e vou olhar se as vacas estão lá. É perigoso ir e numa dessas levar um tiro”, disse ela, emocionada.
Com a alta no preço da carne, a agricultora contou que a família mata para o consumo três animais por ano. “Para criar um terneiro é preciso cuidar dia a dia. Ele tem que ganhar leite, ração, milho e vacinas. É muito fácil vir e roubar. As pessoas não sabem o quão caro é manter um bicho e, no fim das contas, perder e ficar só com prejuízo.” Marli comentou que, com a estiagem, a família tem enfrentado mais perdas em razão da pouca produtividade nas hortaliças e frutas.
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Além da família Gais, segundo o relato de moradores, outras propriedades nas redondezas de Pinheiral já foram alvos dos ladrões de gado. Os habitantes da localidade disseram estar atentos a carros e movimentação de pessoas “estranhas” e buscam manter contatos via grupos em aplicativo de conversa.
Conforme Marli, a família realizou registro de ocorrência. A Polícia Civil e a Brigada Militar trabalham na tentativa de identificar os ladrões. Além do caso de abigeato, a família Gais relatou ter sido vítima de pequenos furtos. Em uma das ações, os ladrões chegaram a quebrar um tijolo para roubar um compressor de ar e ferramentas de um galpão que fica na frente da casa.
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