Cansado e enjoado da mesmice política, da choradeira e dos discursos vitimistas que ainda se mantêm em detrimento de abordagens propositivas face à gravidade da situação em que nos encontramos, recorri aos meus arquivos para escrever algo útil e exemplar.
Nascido em Madrid, Jorge Semprún (1923-2011) foi um premiado escritor, roteirista de cinema, político e intelectual espanhol. Morou muito tempo em Paris, onde produziu seus principais livros, roteiros e pensamentos. Socialista convicto e atuante, destacou-se na resistência francesa ao nazismo.
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Também manifestou grande preocupação com a baixa qualidade representativa e o expressivo crescimento das abstenções populares no processo eleitoral. Denominava o respectivo período como de lassidão (significa cansaço, exaustão, prostração e desinteresse).
Dizia: “(…) o maior perigo é a lassidão, o desencanto, a indiferença (…), e esse perigo vem de tudo o que não oferecemos ideologicamente à juventude (…). Oferecemos à juventude coisas que lhe interessam muito (…), mas não lhe oferecemos um projeto comum”.
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E talvez sua manifestação mais importante: “É paradoxal, pois pode fazer pensar que, num momento de crise global do sistema capitalista, a solução social-democrata pode voltar para primeiro plano, a solução reformista equitativa e equilibrada, mas não, no momento em que mais precisamos, não encontramos. É um fenômeno de grande importância histórica, com um fim muito difícil de prever”.
O assustador número de abstenções, votos brancos e nulos que nós, brasileiros, conhecemos nesta eleição, Semprún já associara ao desencanto popular. E, como consequência imediata, a baixa qualidade representativa.
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