Cultura e Lazer

Literatura da colônia italiana será tema de evento em Santa Cruz neste sábado

Em comemoração aos 150 anos de imigração italiana no Rio Grande do Sul, a Academia de Letras de Santa Cruz do Sul e a escola Unisc Idiomas promovem neste sábado, 12, um evento para discutir a língua e a literatura da colônia italiana no Estado. A atividade, aberta ao público, acontece a partir das 9h30, no auditório do Sindicato dos Bancários, na Rua Sete de Setembro, 489, em Santa Cruz do Sul.

Com mediação da escritora Marli Silveira, os palestrantes serão o professor Carlos Frederico Ruviaro e o também escritor Leonardo José Andriolo. O tema será debatido a partir da figura de Nanetto Pipetta, personagem criado pelo frei capuchinho Aquiles Bernardi que protagonizou histórias publicadas nos anos de 1924 e 1925 nas páginas do jornal La Staffetta Riograndense.

LEIA TAMBÉM: Unisc é contemplada pelo programa RS Talentos para formar profissionais em áreas estratégicas

Publicidade

Ruviaro, que atua no ensino da língua italiana junto à Unisc Idiomas, abordará a obra a partir da perspectiva dos descendentes de imigrantes italianos da região da Quarta Colônia, próxima a Santa Maria. Além disso, tratará sobre o talian, dialeto falado pelos colonizadores no Rio Grande do Sul e incluído no Inventário Nacional da Diversidade Linguística pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Já Andriolo, integrante da Academia de Letras de Santa Cruz do Sul, é natural de Caxias do Sul e já escreveu obras que abordaram a realidade vivida pelos imigrantes italianos no Rio Grande do Sul, como Com passos lentos, mas firmes, lançado em 2011, onde conta a história de seu avô, Giovanni; e a coletânea de contos Dois meninos, de 2019.

LEIA TAMBÉM: Festival Nacional da Galinha Recheada divulga atrações da 9ª edição; veja

Publicidade

Sobre Nanetto Pipetta

Ao criar o personagem, Aquiles Bernardi fez de Nanetto Pipetta um anti-herói, atrapalhado e desastrado, que, a exemplo de tantos imigrantes, deixa a Itália e vem ao Brasil em busca de fortuna. As histórias eram sempre engraçadas e contadas com bom humor em dialeto vêneto ou, mais precisamente, uma mistura de dialetos denominada talian, fazendo bastante sucesso entre os colonos italianos. A cada novo capítulo publicado no jornal, alguém alfabetizado lia para a família. Outras vezes a leitura era feita para grupos maiores, nos filós, quando se reuniam os vizinhos.

As publicações no jornal La Staffetta Riograndense cessaram em fevereiro de 1925, mas as aventuras e as trapalhadas de Nanetto continuaram no imaginário daquelas comunidades, sendo transmitidas oralmente. Não havia família de origem italiana naquela região que não conhecesse ou não tivesse ouvido falar das histórias de Nanetto Pipetta. Tanto sucesso fez com que os capuchinhos publicassem os episódios em livro no ano de 1937, alcançando novamente grande repercussão.

LEIA TAMBÉM: Evento evidencia o papel e a força da mulher no campo

Publicidade

Em 1938, no entanto, o governo ditatorial de Getúlio Vargas promoveu a Campanha da Nacionalização, restringindo o uso de línguas estrangeiras em público e proibindo a leitura, escrita e fala em outros idiomas além do português. Com isso, os dialetos italianos ficaram restritos às famílias do interior. Ao mesmo tempo, as cidades, onde se falava, se escrevia e se faziam negócios em português, cresciam de forma rápida. Esse processo de urbanização criou um sentimento depreciativo em relação ao talian, bem como aos costumes e tradições dos imigrantes, associados às pessoas incultas que viviam na zona rural.

A redenção ocorre em 1975, ano em que se comemorou o centenário da imigração italiana no Rio Grande do Sul. As entidades representativas da sociedade e a própria Universidade de Caxias do Sul entenderam que os verdadeiros protagonistas do progresso daquela região serrana haviam sido os antepassados, aqueles colonos que falavam o talian, cantavam Mérica, Mérica e cultivavam os costumes trazidos da terra natal. Nesse processo de resgate da língua e da cultura, Nanetto Pipetta retorna à cena, com várias reedições do livro em talian e também uma versão em português. Um grupo teatral de Caxias do Sul encenou o espetáculo Nanetto Pipetta por 10 anos, se apresentando pelo Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, incluindo uma turnê pela região do Vêneto, na Itália.

LEIA MAIS NOTÍCIAS DE CULTURA E LAZER

Publicidade

QUER RECEBER NOTÍCIAS DE SANTA CRUZ DO SUL E REGIÃO NO SEU CELULAR? ENTRE NO NOSSO NOVO CANAL DO WHATSAPP CLICANDO AQUI 📲. AINDA NÃO É ASSINANTE GAZETA? CLIQUE AQUI E FAÇA AGORA!

Guilherme Andriolo

Nascido em 2005 em Santa Cruz do Sul, ingressou como estagiário no Portal Gaz logo no primeiro semestre de faculdade e desde então auxilia na produção de conteúdos multimídia.

Share
Published by
Guilherme Andriolo

This website uses cookies.