Geral Paroquia Espirito Santo
Qual a definição de comunidade? Nas palavras do professor aposentado Elenor José Schneider, colunista da Gazeta do Sul, ela é constituída por um grupo de pessoas que se unem não para pensar em si, mas para, em conjunto, pensar no bem-estar de quem vive na sua proximidade e, portanto, é seu próximo.
Tal significado está evidente no livro Pelas estradas da vida: a caminhada da Paróquia Espírito Santo de Santa Cruz do Sul, escrito por Schneider, sob o selo da Editora Gazeta. Em 216 páginas, o autor recupera a história da luta de uma comunidade, localizada no Bairro Ana Nery, até se tornar uma paróquia.
O conceito do autor ganha concretude quando ele testemunha pessoas que se dispõem a atuar na formação de uma diretoria, de um grupo, que coordena a liturgia, o canto, e que aceita participar de atividade pastoral. E que não hesita por um instante sequer em doar horas, dias de trabalho em qualquer evento que deixe a comunidade viva e a transforme em um espaço para ser feliz. “Ao longo dos anos de existência da paróquia, milhares de pessoas, a maioria anônimas, inscreveram sua página nessa história”, enfatiza Schneider.
LEIA TAMBÉM: Entre cultura e educação: CTGs mantêm viva a tradição e formam cidadãos
Publicidade
O lançamento será neste domingo, 21, no salão da paróquia. Quem adquiri-lo entenderá o motivo para a comunidade ser abençoada pelo Espírito Santo.
O lançamento de Pelas estradas da vida: a caminhada da Paróquia Espírito Santo de Santa Cruz do Sul, neste domingo, promete movimentar a comunidade da Paróquia Espírito Santo. A obra de Elenor José Schneider será mencionada durante a missa, às 10 horas. Ao meio-dia haverá um almoço no salão da paróquia, e será possível adquirir os exemplares e conversar com o escritor. O livro será vendido a R$ 35,00, mas, neste domingo, quem adquirir dois exemplares terá desconto, pagando R$ 60,00.
“Os leitores vão encontrar a história de uma comunidade que, também, em meio a muitas lutas e conflitos, deixou um rastro de luz”, afirma Schneider. Para o autor, contar a história da paróquia significou, acima de tudo, homenagear e reconhecer quem, por tantas décadas, “manteve a chama acesa”. Segundo ele, a ideia partiu da diretoria, sob a presidência de Nestor Kussler, com apoio do pároco, padre Hilário Gonçalves.
Publicidade
LEIA TAMBÉM: Tabajara Ruas destaca a história gaúcha em obra literária
Schneider mergulhou nos registros que narram a história da paróquia. Entre as principais fontes estava o livro-tombo, documento básico para localizar dados da comunidade, no qual o padre Erno Birk fez os primeiros apontamentos a partir de 1987, narrando os fatos desde 1966.
Já em 1989, ano em que o padre Cyzo de Assis Lima assumiu, surgiu o Vento e Voz, um jornal no qual registrou muitas informações sobre as atividades da Espírito Santo – não só da matriz, mas de todas as comunidades integrantes da paróquia. O periódico foi substituído por outro, chamado O Divino, feito pelos franciscanos e publicado entre 2003 e 2005.
Publicidade
Durante a apuração para a obra, chamou a atenção de Schneider, além da preocupação espiritual, o alto envolvimento social da paróquia. O autor destaca que a Espírito Santo está situada em um bairro que tinha inúmeras carências, e a comunidade sempre se preocupou com as profundas necessidades de tantas pessoas desprotegidas.
“Algumas pastorais contribuíram demais para que as pessoas tivessem uma vida mais digna. Crianças, jovens, mulheres, doentes, negros, desempregados, enfim, não restou nenhum segmento que não despertasse um olhar mais atento e a possibilidade de servir”, afirma.
Para Schneider, a grande lição que fica é que uma igreja deve ser, acima de tudo, um espaço espiritual, mas também pode ser uma grande agente de transformação social. Segundo ele, trata-se de uma história digna, que merece ser preservada.
Publicidade
“Vários debates com candidatos a cargos públicos foram realizados, chamando a comunidade para decisões conscientes com seu voto, para a realidade do País, com suas ações desonestas e injustas, para a possibilidade de ver que nem tudo está perdido”, acrescenta. Entretanto, o escritor afirma que há uma grande missão a desenvolver: fazer com que as próximas gerações participem das atividades que uma paróquia demanda.
Embora a Paróquia Espírito Santo tenha sido fundada em 1988, sua história começa duas décadas antes. Em 1966, sétimo ano da criação da Diocese de Santa Cruz do Sul, surgia a Comunidade do Divino Espírito Santo. Na época, os pavilhões do Grupo Escolar Duque de Caxias sediaram as missas realizadas pelo padre Arnaldo Werlang, local das primeiras celebrações da comunidade.
Contudo, era uma questão de tempo até que as famílias do então Bairro da Figueira se mobilizassem para a fundação de uma comunidade com igreja própria. O tema foi debatido entre os moradores e o padre Emílio Backers, enviado pelo bispo dom Alberto Frederico Etges. Depois de criada, dedicaram-se a achar um local. E conseguiram um terreno na esquina da Rua Euclydes Kliemann com a Rua da Figueira, que pertencia à viúva Maria Maria Biesdorf.
Publicidade
Em 21 de abril de 1967, começaram a ser construídos os primeiros pavilhões destinados às celebrações eucarísticas e às quermesses. A estrutura era de madeira, com piso de lajes. “Com o empenho e a dedicação das famílias, esses pavilhões foram inaugurados na festa do Divino Espírito Santo, padroeiro da comunidade, em 1968, com missa celebrada por dom Alberto”, escreveu padre Erno, em citação presente no livro.
LEIA TAMBÉM: Cinemas de Santa Cruz celebram o Batman Day
Os anos seguintes foram marcados pela consolidação da comunidade. Em 1972, a nova diretoria foi eleita e empossada. Tinha como tarefa principal a busca de famílias para se associarem. No mesmo ano, irmãs do Movimento Secular de Schoenstatt iniciaram as atividades. Elas ficaram encarregadas de assumir a coordenação da catequese e da caridade, sob orientação do presbítero.
A década de 1980 iniciou-se com a inauguração dos novos pavilhões. No mesmo ano, a pedra angular da nova igreja foi lançada e abençoada. Eis que, em 21 de agosto de 1988, a Comunidade do Divino Espírito Santo tornou-se uma paróquia. Até então, seu território pertencia à de São João Batista (Catedral).
No livro, Elenor José Schneider explica que o objetivo da criação era atender a uma grande parte das periferias do município até então abandonadas no campo da evangelização.
por Romar Rudolfo Beling
A fé e a religiosidade tiveram, desde os primórdios, papel central na conformação do que se tornou a Santa Cruz dos dias atuais. Uma das primeiras providências dos imigrantes, após a chegada e a fixação na Colônia Santa Cruz, a partir de dezembro de 1849, foi providenciar espaços nos quais pudessem alimentar sua espiritualidade. Isso lhes imprimiu fortaleza suficiente para suportar as adversidades, a angústia e a saudade por estarem longe de sua terra natal. Fossem esses colonos católicos ou luteranos (chamados de protestantes), buscavam em sua condição de cristãos alento para persistir e viver em união, seguindo os preceitos que a religião lhes oferecia.
À medida que a colônia se expandia e chegava a novas linhas, novas localidades, ampliavam-se os locais de culto ou de missa, congregando grupos de famílias. Foi assim que, já na segunda metade do século 20, moradores do então chamado Arroio Grande, a área situada ao sul da região central de Santa Cruz, fundaram a Comunidade do Divino Espírito Santo, que mais adiante se tornou uma paróquia. É essa caminhada de fé que o professor e escritor Elenor José Schneider recupera em seu novo livro, a ser lançado neste domingo.
Pelas estradas da vida será de leitura valiosa particularmente para todos os que estão diretamente ligados ou envolvidos com essa trajetória de uma entidade religiosa. Mas não só: tende a ser de interesse de todos os moradores daquela região da cidade, onde talvez se fixaram ao longo dos últimos anos, pois se trata de uma das áreas de Santa Cruz que apresenta franco florescimento, quase uma cidade à parte, com comércio e serviços que atraem gente do Vale do Rio Pardo e de todo o Estado.
Como professor que atuou por cerca de cinco décadas, Schneider tem sido fomentador e entusiasta do resgate memorial, em diferentes áreas da socioeconomia e da cultura. Na Academia de Letras de Santa Cruz do Sul, que integra, e em colunas que assina em periodicidade quinzenal na Gazeta do Sul, nas edições das segundas-feiras, compartilha seus vastos conhecimentos, em especial na educação e na literatura. Seu olhar reveste-se de condição de forte, inabalável humanidade.
Na “Apresentação” do livro, frisa: “Ao lado da dimensão espiritual, a paróquia se marcou pela forte presença no seu entorno social, cuidando das crianças, dos famintos, dos desempregados, dos doentes, dos idosos, dos encarcerados, dos necessitados de toda ordem: enfim, com tantas carências”, salienta. Mais do que o biógrafo ou o historiador que recupera uma trajetória, Elenor é, ele próprio, participante ativo, lado a lado com toda a comunidade, por muitos trechos dessa caminhada. E isso é digno de todos os aplausos.
QUER RECEBER NOTÍCIAS DE SANTA CRUZ DO SUL E REGIÃO NO SEU CELULAR? ENTRE NO NOSSO NOVO CANAL DO WHATSAPP CLICANDO AQUI 📲. AINDA NÃO É ASSINANTE GAZETA? CLIQUE AQUI E FAÇA AGORA!
This website uses cookies.