Rua da Ladeira, ou Rua Júlio de Castilhos, uma das primeiras vias pavimentadas do Estado, na área central de Rio Pardo
Um momento especialmente dedicado à reflexão sobre o papel da memória e a importância do resgate histórico. Assim pode ser definido o 1º Seminário Literatura e (seus) temas afins, que ocorrerá na próxima sexta-feira, 28, nos três turnos, no Centro Regional de Cultura, em Rio Pardo. A escolha do local que sedia o evento não é ocasional: é reconhecida a relevância dessa cidade, e desse município, para a formação (inclusive territorial) do Rio Grande do Sul. A promoção é da Academia Rio-grandense de Letras (ARL), e a coordenação geral é da escritora Marli Silveira, que além de integrar a ARL também preside a Academia de Letras de Santa Cruz do Sul. Se o dia será reservado para palestras, debates e mesas-redondas em torno do propósito do seminário, na programação haverá o lançamento de um livro com artigos relacionados com a temática.
O volume Um rio de memórias: considerações acerca da Literatura traz 25 artigos assinados por escritores, professores, pesquisadores e intelectuais das mais diversas áreas do saber. Em 340 páginas, a obra foi organizada por Marli Silveira e pelo professor Ruben Daniel Méndez Castiglione, da UFRGS, ambos acadêmicos da ARL. O livro sai sob os selos da editora Bestiário, de Porto Alegre, e da Editora Gazeta. Conforme a organização, o seminário foi idealizado para ter caráter bianual, a fim de congregar escritores, agentes literários, professores, formadores de opinião e outros públicos, numa reflexão ampla sobre temas literários, culturais e históricos. O livro com os artigos ficará como item de consulta, para ampliar o debate sobre temas do evento.
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A capa do livro Um rio de memórias, com os artigos relacionados ao 1º Seminário Literatura e (seus) temas afins (sem que sejam, contudo, textos a serem lidos ou apresentados durante o evento), reproduz um desenho elaborado por volta de 1851 por um soldado e artista amador alemão, Herrmann Rudolf Wendroth. Supostamente nascido em Mainz, na Alemanha, em data desconhecida, e falecido ao que tudo indica em Buenos Aires, novamente em data incerta, ele veio ao Rio Grande do Sul em meados do século 19 como soldado para lutar pelo Brasil na Guerra contra Rosas. Integrou o grupo dos chamados Brummers (ou rezingões), muitos dos quais permaneceram no país após o conflito, entre eles o jornalista e político Karl von Koseritz. Depois de atritos em meio ao ambiente do conflito, Wendroth chegou a ser preso e depois deixou de ser soldado. Transferiu-se depois para Porto Alegre, e por volta de 1851 chegou a Rio Pardo. Ali, fez um desenho a partir da margem Sul do Rio Jacuí, registrando a cidade de Rio Pardo sobre a colina. Deixou, desse modo, uma rara imagem, certamente fidedigna, do ambiente urbano na mesma época em que os primeiros imigrantes alemães chegavam à Colônia de Santa Cruz.
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Por essa razão, a própria imagem da capa insere-se no contexto das reflexões sobre o papel da memória (e da literatura) na recuperação de fatos, elementos e personagens da história, seja esta local, regional ou nacional. E se o seminário organizado pela ARL vai debater tais aspectos, a obra organizada por Marli Silveira e Ruben Castiglioni proporciona um exclusivo conjunto de reflexões sobre enfoques e assuntos correlatos. “Este livro antecede o evento e nele unimos textos de pesquisadores e acadêmicos de diferentes agremiações compondo um mosaico de abordagens e reflexões críticas. Cada contribuição amplia o horizonte de entendimento sobre a literatura e renova um cenário existente”, explicam os organizadores, na apresentação. “Os textos estão coerentemente relacionados com o que sempre procuramos e celebramos: são livres, expansivos, refletem o pensamento dos seus autores, valorizam o debate e nos obrigam a refletir, objeto fundamental desta publicação e de todas as atividades que realizamos.”
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Entre os autores dos artigos estão professores, pesquisadores e escritores das mais diversas regiões e cidades gaúchas. Muitos são santa-cruzenses ou identificados com Santa Cruz, enquanto a região de entorno igualmente está contemplada. A amplitude de olhares, de áreas de interesse e estilos, longe de constituir uma colcha de retalhos, conforma um olhar profundamente identificado com a sociedade contemporânea, marcada pela multiplicidade, pelo pluralismo, e, a partir deles, integradora, capaz de realizar a síntese e de conjugar a diversidade. Os textos vão desde o dimensionamento da importância de Rio Pardo para a formação social, cultural e territorial do Brasil até personagens relevantes nessa história (como o marinheiro João Cândido), e ainda à contribuição de indígenas, negros e outras etnias no desenvolvimento.
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