Livros de Paulo Coelho foram confiscados na Líbia, como parte de uma ofensiva por parte de grupos extremistas dentro do próprio governo contra o que chamam de “invasão cultural” do Ocidente e “tendências pervertidas”.
Em entrevista, o brasileiro que vive em Genebra lamentou o confisco. Mas alertou que a medida “nunca funcionou na História” “Confiscar livro remete ao obscurantismo”, disse. “Queimar e proibir livros é o pior que pode existir. Pessoalmente, me sinto triste. Mas a realidade é que queimar pensamentos nunca funcionou.”
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Vivendo um caos desde a queda de Muamar Kadafi, a Líbia passou a ser um dos principais terrenos da batalha entre extremistas e grupos moderados que, durante a revolta há quatro anos, pediam mais democracia. Num vídeo difundido nas redes sociais, policiais de Al Marj explicaram o confisco e publicaram fotos de um caminhão sendo carregado com os livros. Eles atacam o que acreditam ser uma “invasão cultural” por meio de livros que tratam não apenas de temas eróticos, mas também promovendo “bruxaria” e o “cristianismo”.
As autoridades da cidade, controlada pelo Exército Nacional Líbio – ainda atacam a promoção de “ideias xiitas”. Num comunicado, escritores e intelectuais líbios como Azza Maghur, Idriss Al Tayeb e Radhuan Bushwisha denunciaram a destruição dos livros. Para eles, “seja qual for o pretexto, trata-se de uma tentativa de amordaçar as vozes e confiscar a liberdade de opinião e pensamento”.
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Coelho lembrou que essa não foi a primeira vez que suas obras foram confiscadas. Uma situação parecida ocorreu com ele no Irã. Mas, depois de uma intervenção do governo brasileiro, as autoridades iranianas alegaram que houve um “mal-entendido” e voltaram a autorizar a circulação das obras de Coelho.
“Proibir um livro jamais funcionou. Sempre existem canais paralelos e a censura atiça ainda mais a curiosidade pelas obras”, disse o escritor, lembrando que a prática também foi usada no passado pela Igreja Católica.
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