O norte-americano Samuel Huntington (1927-2008) é autor de um livro que antecipou o que estamos vivenciando intensamente. Choque de civilizações (1996) apregoara que os movimentos e conflitos seriam religiosos e culturais, e não ideológico-nacionalistas.
Aceitas essas hipóteses como importantes, motivadoras e explicativas de frequentes atentados terroristas mortais e suicidas, vejamos outras.
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Ultimamente, ataques terroristas têm tido em comum o fato de que suas autorias foram de iniciativa individual. Os lobos solitários seriam pessoas (jovens, especialmente) sem esperança, advindos de famílias em crise, socialmente desintegrados, “sem futuro” e contaminados por frustrações?
Ainda que estejamos todos perplexos e em busca da compreensão desses episódios mortais, como no recente caso em Suzano, pergunto, também: além das mortes e da dor que a todos atinge, solidária e fraternalmente, pode haver algo mais deprimente e estúpido do que as tentativas explícitas de aproveitamento das tragédias em prol de discursos político-partidários?
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Fator Mutley
Dia 20 de julho de 2007. Três dias depois do acidente fatal no aeroporto em Congonhas (voo da TAM). Prédio ainda em chamas, corpos em resgate e identificação, famílias em pranto e luto. Indiferente ao fato, é realizada a cerimônia de entrega da Medalha do Mérito Santos Dumont. Entre os condecorados, dois diretores da Agência Nacional de Aviação Civil. Acredite, eles foram receber suas medalhas!
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Comicamente, fazem lembrar o desenho animado “Dick Vigarista e seu cão Mutley”. A cada infeliz aventura de Dick e seu pedido de ajuda ao cão, o chantagista Mutley exigia: “Medalha, medalha, medalha!”.