Marcio Souza

Marcio Souza: As “ites” são mero detalhe

Começou oficialmente a primavera. Levando para a área em que atuo no jornalismo, seria uma estação “isentona”. Esse é o termo que está sendo atribuído a quem não defende a esquerda nem a direita, dando a si o direito de concordar com qualquer um dos lados em determinadas questões. Admito simpatia com a forma como a direita atua na área econômica, com Estado menor e menos articulador na economia; ao mesmo tempo, enxergo na visão de costumes da esquerda a mais adequada, afinal, cada um deve cuidar da sua vida e deixar a dos outros. Sou, na visão populista daqueles fissurados pelos extremos, um isentão.

Talvez essa característica de não ser tão quente nem tão fria faça com que tenha um apreço diferenciado por essa estação isentona, que se iguala ao outono ao ficar no meio-termo. Por certo, ela não se apresenta apenas pelas questões climáticas, mas pelo momento em que as flores estão mais expostas, coloridas, com perfumes que encantam as ruas e fazem aflorar as cada vez mais conhecidas “ites”. A rinite, a sinusite, a bronquite, todas elas evidenciam também ter um gosto, até exagerado, pela primavera.

Porém, as imagens que podem ser captadas, até mesmo nas ruas de grandes cidades, sobressaem-se a essas consequências indesejadas que são os espirros frequentes, a coriza, os olhos ardidos e coçando e uma série de outros sintomas das tais “ites”. Deixemos, portanto, essas doenças temporais para que as medicações façam o seu papel, para que as ações preventivas garantam a passagem de melhores dias e curtamos a estação da melhor forma possível.

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É o momento de aproveitar a natureza. É claro que essa beleza é passageira, como cantam os Titãs, “as flores de plástico não morrem”; ganhando mais peso ainda com a letra de Armandinho, que diz “não te trago flores, porque elas secam e caem ao chão”. Mas essa temporalidade é o que faz ficar ainda mais especial. Tem aquelas que nascem pela manhã, lindas e coloridas e, ao entardecer, despedem-se como tendo passado uma longa vida com o propósito cumprido: servir aos nossos olhos, ao nosso olfato e à nossa vontade de ter o mais puro e saboroso mel.

Ficar restrito aos fatos de que a vida da flor e as cores trazidas pela estação não são longevas é não se permitir viajar sem sair do lugar. É esquecer que Tim Maia ressaltou que “quando o inverno chegar, eu vou estar junto a ti, pode o outono voltar, eu vou estar junto a ti. É primavera, te amo”. É ignorar que as flores são capazes de representar a linguagem não verbal. Nilton César sabia disso e cantou: “receba as flores que lhe dou; em cada flor um beijo meu”. E elas são capazes de ir além, e Cartola percebeu isso: “as rosas não falam, simplesmente as rosas exalam o perfume que roubam de ti”.

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Marcio Souza

Jornalista, formado pela Unisinos, com MBA em Marketing, Estratégia e Inovação, pela Uninter. Completo, em 31 de dezembro de 2023, 27 anos de comunicação em rádio, jornal, revista, internet, TV e assessoria de comunicação.

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