ads1
GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

Medicina à moda antiga

Muitas pessoas que moraram ou ainda moram no interior devem ter conhecido um médico de família. Alguns desses, antes de possuírem carro, se deslocavam a cavalo para socorrer os doentes. Não importava se era dia ou noite, se chovia ou fazia sol, se era perto ou longe. Como sacerdotes fiéis à sua vocação, prestavam seu amparo a quem estava em sofrimento. No entanto, pessoas do interior só apelavam ao médico em caso de urgente necessidade.

De resto, usavam seu conhecimento simples para amainar a dor.

Publicidade

Penso que não existe a pior dor. A pior é sempre a que está de plantão. Dor de ouvido, por exemplo. Lembro que introduziam fumaça de cigarro ou óleo levemente aquecido ouvido adentro. Acredito que o calor acalmava o incômodo. Se a dor era intensa, fazia-se necessário produzir muita fumaça. O pai virava verdadeiro pajé tragando o cigarro, expelindo fumaça e tentando a salvação. O quarto virava uma churrasqueira em tempo de vento desfavorável, as cobertas ficavam com aquele cheiro inconfundível.

Publicidade

LEIA TAMBÉM: A maior invenção

A febre demandava também seu próprio procedimento. Se não existisse termômetro, era tomada no tato da mão. Se beirava os quarenta graus, vinha o inconfundível tratamento: panos e panos molhados na testa até o mal ceder e sumir. Não se apelava a remédios, que vieram depois ou não existiam nas casas. Melhoral, melhoral é melhor e não faz mal. Tomou doril, a dor sumiu.

Publicidade

Quando a gripe dava as caras, com todos os seus desconfortos, aplicava-se um método bastante comum. Sobre o paciente eram amontoadas todas as cobertas da casa até o vivente – ou sobrevivente – suar em bicas, todos os poros expulsando a doença e devolvendo o bem-estar, a necessária saúde para que a vida seguisse seu rumo normal. Usava-se igualmente um xarope caseiro. Numa panela, uma porção de cachaça, bastante açúcar e depois fogo no líquido para reduzir o teor alcoólico. Ficava bem bom.

Publicidade

Dor de dente era outro suplício. Mesmo existindo algum dentista prático licenciado, primeiro se buscava curar o indivíduo em casa. Era muito estranho ver a pessoa com um pano atravessado na cara como tentativa de resolver o problema. Os mais inovadores tomavam cachaça que, evidentemente, em doses elevadas, anestesiava não só o dente, mas a criatura por inteiro.

LEIA TAMBÉM: Frases protocolares

Publicidade

Outro problema a ser tratado era o chamado umbigo rendido, que vem a ser uma saliência na região umbilical. Quando nas crianças recém-nascidas ele se manifestava ou persistia, chegava a hora de chamar uma especialista no assunto, a benzedeira. Como esta era considerada meio bruxa, sua visita teria que se revestir de caráter muito discreto. Ela praticava seu ritual, proferia suas frases mágicas, traçava cruzes, mandava o mal embora.

Publicidade

E, em geral, ia mesmo.

Uma figura imprescindível nas localidades interioranas era a parteira. Através de suas mãos, milhares de pessoas vieram ao mundo. Nenhuma mulher fazia acompanhamento pré-natal, ficava-se sabendo do bebê na hora do nascimento. Nascer num hospital era quase um luxo.

Publicidade

Publicidade

LEIA MAIS TEXTOS DE ELENOR SCHNEIDER

Quer receber as principais notícias de Santa Cruz do Sul e região direto no seu celular? Entre na nossa comunidade no WhatsApp! O serviço é gratuito e fácil de usar. Basta CLICAR AQUI. Você também pode participar dos grupos de polícia, política, Santa Cruz e Vale do Rio Pardo 📲 Também temos um canal no Telegram! Para acessar, clique em: t.me/portal_gaz. Ainda não é assinante Gazeta? Clique aqui e faça sua assinatura agora!

Publicidade

Publicidade

© 2021 Gazeta