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Memória: água ou cerveja

O abastecimento de água sempre foi polêmico na cidade. Em 1895, ela já faltava na Vila de São João de Santa Cruz e as ideias para resolver o problema dividiam a comunidade. O principal manancial, que ficava onde hoje é o Parque da Gruta, abastecia a cervejaria de Karl Schütz e havia o temor de que a instalação da Hidráulica Municipal prejudicaria a fábrica.

O saudoso professor Hardy Martin traduziu notícias publicadas no jornal Kolonie, e, em 1982, fez uma síntese na Gazeta do Sul. No final do século 19, algumas famílias tinham poços e cisternas. Outras eram atendidas pela carroça pipa da Intendência, que retirava a água dos arroios que passavam nas terras de Schütz e da viúva Heuser, nos arredores da povoação. Apenas o Colégio das Irmãs e o Hospital, pertencentes às franciscanas, recebiam o líquido por tubulações. Ele vinha de um reservatório que as religiosas possuíam no Morro das Freiras.

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Em outubro de 1895, foi formada uma comissão para resolver o problema. O grupo de 10 pessoas, liderado pelo engenheiro Carlos Trein Filho, queria mobilizar a comunidade e conseguir recursos, pois a intendência estava sem dinheiro. O objetivo era instalar uma hidráulica nas terras de João Würdig (Parque da Gruta), onde havia água em abundância.

Mas logo surgiram vozes contrárias. Os argumentos eram de que as fontes não teriam condições de abastecer toda vila e que a medida acabaria com empreendimentos que usavam a água captada no mesmo local: a cervejaria de Schütz e a serraria de Reinhard Kühleis.

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Sem consenso, o intendente Galvão Costa pediu ao governo estadual a vinda de um técnico para avaliar a qualidade e a vazão da água. Quando a medida tornou-se pública, a polêmica acentuou-se. O bate-boca foi tanto que Carlos Trein decidiu deixar a coordenação da comissão pró-água.  

Com o impasse, os estudos pararam e o assunto só foi retomado dois  anos depois. Mas, novamente as polêmicas atrapalharam e a hidráulica só saiu do papel dez anos depois, como veremos na próxima segunda-feira, 29.

CONTINUA

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Carlos Trein optou por sair da comissão

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Lavignea Witt

Me chamo Lavignea Witt, tenho 25 anos e sou natural de Santiago, mas moro atualmente em Santa Cruz do Sul. Sou jornalista formada pela Universidade Franciscana (UFN), pós-graduada em Jornalismo Digital e repórter multimídia na Gazeta Grupo de Comunicações.

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