A antiga fábrica Berbau, na esquina da Senador Pinheiro Machado com Tenente Coronel Brito, doava balas para alegrar as crianças | Foto: Álbum da família Müller
Há poucos dias, o colunista Ruy Gessinger escreveu, na Gazeta do Sul, sobre a ajuda humanitária que o Sul do Brasil encaminhou à Alemanha após a Segunda Guerra. Por intermédio de entidades ligadas às igrejas Católica e Evangélica, e Cruz Vermelha, o povo remetia roupas, calçados e até gêneros alimentícios não perecíveis aos compatriotas.
Em Santa Cruz, havia um comitê de ajuda, liderado pelo casal Regina e Arthur Müller. Dona Regina dedicava-se de forma integral ao trabalho, contando com o apoio de amigas como Regina Simonis, Irene Fröhlich, Maria Soder e Flora Dahn.
Elas recebiam roupas, meias e cobertores usados. Tudo era lavado e consertado à mão ou com máquina de costura. Lojas forneciam peças de tecidos, que viravam roupas infantis.
Publicidade
Arthur, que tinha selaria na Rua Marechal Floriano, consertava, limpava e pintava os calçados que chegavam. Para isso, tinha ajuda dos funcionários. Ainda fabricava chinelos de couro para adultos e crianças.
Era costume colocar cartinhas nos bolsos das roupas, com mensagens de estímulo e apoio às pessoas no pós-guerra. A Berbau doava quilos de balas destinadas às crianças. Alguns pacotinhos também eram colocados nos bolsos dos casacos.
Alguns anos depois da guerra, a família de Max Prietz, uma das contempladas com os donativos, veio à cidade para agradecer. Eles haviam encontrado um bilhete e fizeram questão de abraçar os desconhecidos que os ajudaram. Os Prietz estavam viajando para Buenos Aires e ficaram hospedados por um bom tempo na casa dos Müller. Edith, uma das filhas do casal, fez catequese em Santa Cruz e realizou a confirmação na Igreja Evangélica. A família acabou se estabelecendo no Canadá e, por muitos anos, trocava correspondência com Arthur e Regina.
Publicidade
* Pesquisa: Arquivo da Gazeta do Sul
LEIA MAIS TEXTOS DE JOSÉ AUGUSTO BOROWSKY
Publicidade
This website uses cookies.