Memória: o dia em que uma mulher foi atacada por um leão de circo em Santa Cruz

A chegada dos circos era um acontecimento no passado. Em Santa Cruz do Sul, o público lotava os espetáculos e, fora do horário das apresentações, os santa-cruzenses iam até a Várzea (região da Vila Militar) para olhar os animais de perto.

Em fevereiro de 1958, instalou-se o Grande Royal Circus, que percorria a América do Sul. Trazia artistas internacionais, como equilibristas alemães e espanhóis, ciclistas italianos, o domador americano Georg Claide e “Manolito, o menor homem do mundo”. Mas o que encantava eram os leões africanos e asiáticos, tigres do Himalaia, panteras negras, hienas, ursos asiáticos, elefantes, búfalos, chipanzés, pôneis e outros.

Em 12 de fevereiro, quando a companhia se preparava para partir, muitas pessoas foram até a Várzea para dar uma última espiada nas feras. Entre elas estava Ana Olinda Bruch, de 45 anos,  natural de Marques de Souza, interior de Lajeado. A senhora encontrava-se em Santa Cruz para visitar seu esposo Albino, que estava internado no Sanatório Vida Nova.

Junto com familiares, ela foi apreciar os animais, já que voltaria para casa no dia seguinte. Ao passar perto da jaula do leão, recebeu uma patada no ombro direito. A roupa rasgou e as unhas dilaceraram suas costas e o braço. Logo, a fera colocou a outra pata para fora e puxou Ana para a grade. A gritaria foi geral e as pessoas ficaram sem reação. 

O domador veio correndo e gritou palavras de ordem, mas não foi atendido. Ele então precisou bater nas patas do bicho e dar-lhe estocadas com uma lança. O animal tentava morder a mulher, e puxava seu braço para dentro da jaula. Banhada em sangue e bastante machucada, Ana foi colocada em um caminhão e levada ao Vida Nova, onde foi atendida durante duas horas e precisou ficar internada por três dias.

Disse o domador que a visitante foi imprudente, mas que ainda teve muita sorte. Em acidentes anteriores, no Paraguai e Minas Gerais, o mesmo leão arrancou o braço de pessoas que ficaram ao seu alcance. Desde 2008, as apresentações de animais estão proibidas nos circos que percorrem o Rio Grande do Sul.

Fonte: Arquivo Gazeta do Sul

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