Em meados de 2013, escrevera sobre dois fenômenos políticos do nosso tempo, a antipolítica e a pós-política. As duas práticas questionam (e transformam) gravemente a democracia, assim como a popularmente compreendemos (ainda que de modo equivocado).
A antipolítica pode vir a ser uma nova utopia, uma possibilidade de revitalização das ideias e das esperanças. Principalmente, poderá desmascarar um tradicional (e fraudulento) discurso político, que afirma que os interesses da classe política são idênticos aos interesses da comunidade. Ou que os interesses do Estado se equiparam aos objetivos da população. Ambos falsos!
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Enquanto a antipolítica quer refazer e recuperar o sentido e o debate ideológico (mas questiona os partidos e suas práticas), a pós-política representa o contrário. Pensa, acredita e aposta no fim da ideologia.
Se a antipolítica ainda não sabe como agir, a pós-política sabe muito bem o que fazer, como fazer e o que quer: o poder. E o poder se estabelece pela conquista do Estado. A pós-política é realista. Joga o jogo do sistema. Não tem ilusões, nem pudores.
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A antipolítica, ao contrário, quer recuperar as manifestações e os movimentos sociais, sua cultura e dinâmica. Ainda que utópico desejo, sabe, entretanto, que “não há vida saudável dentro do sistema”.
Entre esses dois movimentos políticos há algo essencial em comum, mas por razões diferentes. Os meios de informação e conhecimento são ponto central de ação da antipolítica para expandir a comunicação e as redes de integração do debate político-ideológico.
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Governos, sindicatos, universidades e imprensa, por exemplo, perderam credibilidade e, consequentemente, já não conduzem o debate público. A busca e afirmação da verdade ficaram em segundo plano.
No criativo e incessante fluxo das redes sociais, líderes da preferência popular em informação (via celulares cada vez mais potentes), a arte da boataria e da desinformação predomina. Na falta de um certificado de autenticidade, prolifera a pós-verdade. Não só aqui. Mundialmente!
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