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GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

Meu pai e eu (II)

Incrível, mas meu pai não sabia andar de bicicleta, nem jogar futebol. Mas era tinhoso na direção de carros. Ele torcia pelo Renner de Porto Alegre e, quando este fechou, em 1955, bandeou-se para o Grêmio, como todos da família. Menos minha mãe e eu que sempre fomos colorados. Em Santa Cruz ele era do alvinegro e muito me levava para ver os Ave-Cruz. Detalhe: ele pouco olhava o jogo; passava na copa tomando cerveja com os amigos e, vez por outra, dirigindo impropérios contra o árbitro. Voltávamos para casa na nossa Dodge e ao chegarmos estava armado o problema. Ele queria tomar a “saideira” e ouvir os comentários, mas encontrava a oposição férrea de minha mãe. Só lhe restava ir para a cama mais cedo.

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E assim ia a vida até que um dia minha mãe e eu fomos bisbilhotar, num domingo à tarde, a mesa onde eram guardadas notas fiscais, cadernetas de anotar vendas, essas coisas. É que meu tio Humberto Gessinger, pai do meu primo Umberto, da Banda Engenheiros do Hawaii, alertara meu pai para um fenômeno novo que tinha origem nos Estados Unidos. O tal de supermercado. Aquelas dezenas de empregados das casas comerciais, que atendiam um por um dos clientes, seriam substituídos por “caixas”. Os compradores escolheriam o que queriam comprar nas prateleiras. Disse o tio que se meu pai não se adaptasse ele iria desaparecer, pois não haveria como competir. Como eu ia dizendo, fomos “furucar” nas notas e apontamentos. Havia um montão de cadernos com dinheiro a receber há muito tempo em atraso. E, infelizmente, faturas e duplicatas de fornecedores não pagas.

Só lhe restou pagar as contas e parar. Isso para mim foi uma lição nos meus negócios. A começar por saber dizer “não”.
Prossigo semana que vem.

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