ads1 ads2
GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

Minha terra natal

Toda a minha vivência no interior se limita à década de 50.  Nasci em Trombudo, na velha casa que ainda hoje resiste ao tempo, na entrada para Formosa. O parto naquele tempo era feito pela parteira da vila, famosa por ter assistido o nascimento de dezenas de bebês. Tinha habilidades adquiridas pelo tempo em que exercia a função. Atendia também nas bibocas do distrito.

Se fosse muito longo o percurso, deslocava-se com seu cavalo e, dependendo da urgência, algum vizinho buscava com uma caminhoneta de propriedade do comerciante. Em último caso, pegava um “carro de praça” (táxi), isso se o colono tivesse recursos financeiros para pagar a corrida. E rezava para que o parto fosse normal. Se houvesse complicações, teria que ser removida para o hospital.

ads6 Advertising

Publicidade

Naquele tempo era raro haver água encanada. As casas tinham seu poço, cavado no pátio próximo da residência. Evitava longas caminhadas para buscar o precioso líquido. Era revestido por pedras ou tijolos. Possuía uma tampa, cuidadosamente fechada para que nenhuma criança ou adulto sofresse um acidente. Alguns moradores anexavam uma bomba manual. A maioria tinha uma corda amarrada a um balde com o que içavam a água, tarefa reservada aos adultos.

No inverno, o banho acontecia uma vez por semana. Sábado era o dia temido pelas crianças… A mãe mantinha as chaleiras e uma panela grande sobre o fogão a lenha para esquentar a água, misturando-a com a fria no galão que, na sua extremidade inferior, tinha um chuveirinho soldado. Uma corda grossa presa no caibro a uma roldana controlava a altura do recipiente e uma mais fina, o fluxo d’água.

ads7 Advertising

Publicidade

Cansado de brincar durante o dia, às nove da noite era hora de dormir na cama de colchão de palhas e acolchoados feitos de penas, crivada de pulgas, apesar do veneno que a mãe espalhava no quarto. Aquelas que resistiam, alimentavam-se à vontade.

ads9 Advertising

© 2021 Gazeta