A morte neste sábado, 2 de julho, do escritor romeno Elie Wiesel, acrescenta mais um silêncio definitivo ao conjunto das testemunhas do Holocausto, a maior tragédia do século 20 e sem dúvida uma das maiores da humanidade. Foi agraciado com o Nobel da Paz em 1986, pelo conjunto de sua obra e por seu esforço em favor da preservação da memória dos que pereceram, enfatizando a impossibilidade de fazer a justiça que reparasse tamanha dizimação de vidas, comunidades e regiões inteiras.
Nascido em 30 de setembro de 1928, em uma pequena comunidade então pertencente ao reino da Romênia, foi preso pelos nazistas quando adolescente e deportado para Buchenwald. Após a libertação do campo pelos aliados, em 1945, Wiesel simplesmente não encontrou mais a sua comunidade natal, pois sua região de origem havia sido arrasada pelos nazistas. Mais tarde, fixou-se nos Estados Unidos, onde agora veio a morrer.
Para o mesmo campo de concentração havia sido conduzido, quando menino, o húngaro Imre Kertész, que, na condição de sobrevivente, tornou-se também um dos maiores escritores do século 20, a ponto de ter sido agraciado com o Nobel de Literatura em 2006. Kertész faleceu em 31 de março deste ano, aos 86 anos, quase a mesma idade de Wiesel, de maneira que neste 2016 já se despediram da vida dois dos mais importantes memoralistas e testemunhas dos campos de extermínio da 2ª Guerra Mundial.
Publicidade
Wiesel é autor de extensa obra, da qual, se destacam o livro autobiográfico A noite, o romance Testamento de um poeta judeu assassinado e o livro de ensaios e reflexões Palavras de estrangeiro. Neste último, em especial, em que se diz para sempre um estrangeiro onde quer que estivesse, pontua, com firmeza, sua convicção de que a humanidade carregará consigo o ônus e o espectro de um dos maiores genocídios de todos os tempos, impetrado por seres humanos contra outros seres humanos.
This website uses cookies.