Foto: Expedito Engling
O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) esteve em Santa Cruz do Sul na tarde desta quinta-feira, 26, cumprindo agenda política no interior do Estado. Em entrevista à Rádio Gazeta FM 107,9, o parlamentar comentou sobre o envio de emendas para a região, as articulações para as eleições de 2026, a situação fiscal do país e o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Mourão também classificou como “totalmente desnecessário” o aumento no número de deputados federais aprovado recentemente pelo Congresso.
Durante a entrevista, destacou que seu gabinete tem destinado recursos para o Vale do Rio Pardo por meio das emendas impositivas, com destaque para o Hospital Santa Cruz que recebeu R$ 500 mil neste ano. “Ao longo desses anos, já mandamos mais de R$ 2 milhões para Santa Cruz”, afirmou. Segundo ele, o gabinete recebeu cerca de 2.500 pedidos de emenda no último ano, oriundos de prefeituras, vereadores e lideranças locais.
Mourão também relatou encontros com lideranças municipais. Durante sua visita a Santa Cruz do Sul, o senador se reuniu com o prefeito Sérgio Moraes, além de outros chefes do Executivo da região, como Gilson Becker (Vera Cruz) e Luiz Carlos Folador (Candiota).
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Para o parlamentar, realizar viagens e cumprir agenda política nas cidades é uma forma de entender as demandas locais e aproximar o trabalho do Congresso da população. “Legislar à distância, sem entender o que a população precisa, é desperdício de tempo e dinheiro”, avaliou.
Durante a entrevista, Mourão não poupou críticas ao governo federal. Para ele, a atual gestão falha em apresentar soluções para os problemas do país e retoma projetos ultrapassados. “O governo do presidente Lula praticamente não disse a que veio. É um governo que chegou velho, com ideias de 20 anos atrás. Ideias que já não tiveram relativo sucesso naquele momento e que hoje não têm mais condições de serem bem-sucedidas”, afirmou.
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Ele disse, ainda, que o grupo político que cerca o presidente também envelheceu junto com as propostas. “Não estou sendo etarista, até porque vou fazer 72 anos. Mas é preciso estar sintonizado com o que está acontecendo no mundo, e não preso ao passado”, destacou.
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Na visão do senador, medidas como o aumento do valor do Bolsa Família, de R$ 200,00 para R$ 600,00, e o relançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) têm gerado desequilíbrios nas contas públicas. “Tem muito mandato pela frente e pouco dinheiro. […] Se continuarmos nessa toada, vai faltar dinheiro para pagar, ou então a única coisa que o governo fará será pagar salário. E não vai ter mais recurso para saúde, não vai ter recurso para educação, não vai ter recurso para estrada, não vai ter recurso para nada”, avaliou.
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Mourão também criticou a recente aprovação, no Congresso Nacional, do aumento de 513 para 531 deputados federais. “Na minha visão, foi algo totalmente desnecessário”. Segundo ele, mesmo que o Rio Grande do Sul perdesse dois parlamentares com a redistribuição, o número atual já atende à necessidade de representação.
“Nossa bancada gaúcha no Senado foi unânime contra a proposta. Os três senadores — eu, o Heinze e o Paim — votamos contra. O que aconteceu foi que a Câmara decidiu não redistribuir as vagas, mas sim aumentar em mais 18 deputados.”, criticou.
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Já projetando o cenário eleitoral de 2026, Mourão defendeu que a direita brasileira precisa se reorganizar em torno de uma candidatura viável, e que esse movimento depende diretamente do ex-presidente Jair Bolsonaro. “Ele precisa colocar a mão no ombro de alguém e dizer: ‘Esse é o nosso candidato’. Tenho certeza de que essa pessoa terá a vitória”, afirmou.
Entre os possíveis nomes, o senador citou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como um dos mais preparados para disputar a Presidência da República. “Conhecendo o Tarcísio como eu conheço, ele não vai se furtar. Ele sabe que o Brasil precisa de gente com o perfil dele”, sugeriu.
No cenário estadual, Mourão declarou simpatia pela eventual candidatura do deputado Zucco (PL) ao governo do Estado e indicou que o Republicanos, partido do qual faz parte, ainda discutirá seu posicionamento. “O Zucco me parece um nome natural para nós, pelo alinhamento de percepções que temos desde o início da carreira política dele”, pontuou.
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Um dos pontos mais contundentes da entrevista foi a avaliação de Mourão sobre os inquéritos que envolvem Bolsonaro e a acusação de tentativa de golpe. O senador negou que houvesse um plano concreto e criticou o tratamento dado ao tema pelo Supremo Tribunal Federal.
Segundo ele, as investigações tiveram origem em um episódio envolvendo os cartões de vacinação da família de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. A partir da apreensão de seus aparelhos eletrônicos, conversas em grupos de WhatsApp passaram a ser usadas como evidência. “Todo mundo aqui, eu posso dizer: quem é que resiste a uma devassa no seu celular? Ninguém resiste, né? Várias coisas são faladas”.
“O que houve foram conversas. Chegaram à conclusão de que não havia nenhuma solução dentro do arcabouço constitucional que permitisse mudar o resultado eleitoral — e morreu o assunto”, declarou.
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Para Mourão, houve uma tentativa de associar essas mensagens ao episódio de 8 de Janeiro. “Aquela baderna só aconteceu por omissão do governo, que era responsável pela segurança da Esplanada e não acionou os organismos de segurança”, afirmou.
O senador comparou a condução do processo pelo STF a julgamentos políticos do passado. “Está parecendo julgamento da antiga União Soviética. Já se sabe o resultado. Todo mundo está lá só pra cumprir o roteiro. É o famoso: não me engana que eu gosto”, concluiu.
*colaborou Márcio Souza e Rogério Rockenbach
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