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GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

Na 70ª edição, Festival de Cannes reflete questões da atualidade

Em 2000, o Festival de Cannes abrigou uma grande conferência internacional para debater as novas tecnologias. Coincidência, ou não, o júri presidido por Luc Besson atribuiu a Palma de Ouro ao filme que, naquele momento, melhor representava a mudança – Dançando no Escuro, de Lars Von Trier. Quase 20 anos depois, o festival de número 70, que se inicia nesta quarta, 17, sedia uma polêmica que o antecede. As novas tecnologias ampliaram o leque de captação das imagens, refletiram-se na exibição. Mas em 2017, algo está se passando. Cannes selecionou, para a competição, dois filmes da Netflix – The Meyerowitz Stories, do norte-americano Noah Baumbach, e Okja, do sul-coreano Bong Joon-Ho.

O festival contava que fossem exibidos nos cinemas. A Netflix não cedeu e já anunciou que não mudará sua plataforma. Mesmo que, eventualmente venham a ser premiados pelo júri presidido por Pedro Almodóvar, esses dois filmes não se destinam aos cinemas. Como? Vencedores da Palma de Ouro que não passam nos cinemas? Isso é inédito. Perigoso? A Sociedade Francesa dos Realizadores, os distribuidores e exibidores, todos protestam. E o próprio festival já anunciou que vai mudar seu regulamento para o ano que vem, para evitar que isso ocorra de novo e garantir a primazia do lançamento em salas. Cannes aceita as mudanças, mas quer continuar garantindo a existência da sala como templo de cinema.

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Olhe os nomes – Michael Haneke, Todd Haynes, Naomi Kawase, Michel Hazanavicius, Hong Sang-soo, Sergei Loznitsa, François Ozon, Jacques Doillon, etc. O austríaco, que já tem duas Palmas no currículo – por A Fita Branca e Amor -, cravará a terceira? Thierry Frémaux, que assina a seleção, garante que não privilegia ninguém. A seleção reflete o melhor que ele pôde garimpar no cinema mundial, no ano. Um estado do cinema, e do mundo, pois Cannes sempre foi, e pretende continuar sendo, espelho do mundo. Michael Haneke, por exemplo, participa da competição com um longa de título sugestivo, Happy End. Final feliz num filme de Haneke, e num drama sobre refugiados, ainda por cima – só pode ser ironia. Happy End é um dos filmes mais aguardados da seleção. Outras apostas – Wonderstruck, o novo Todd Haynes, sobre duas crianças que, em diferentes épocas, conseguem estabelecer uma comunicação; Hikari, de Naomi Kawase, sobre uma fotógrafa que reaprende a olhar com um velho que está morrendo; O Estranho Que Nós Amamos, de Sofia Coppola, remake do clássico de Don Siegel com Clint Eastwood nos anos 1970; Le Redoutable, de Michel Hazanavicius, que se inspira no romance de Jean-Luc Godard (sim!) com a atriz e hoje em dia escritora, Anne Wiazemsky.

São apostas possíveis. Vale lembrar que Cahiers du Cinéma, em janeiro do ano passado, listou suas apostas para 2016, entre elas Aquarius, de Kleber Mendonça Filho, e Toni Erdmann, de Maren Ade – e ambos concorreram em Cannes. Para este ano, Cahiers repetiu a lista e, entre suas apostas, está Okja – a ligação de um garota com um ser gigantesco que assusta todo mundo. Cahiers antecipava a polêmica com a Netflix? O festival deu um tiro no pé, incorporando a provedora via streaming? Tem mais novidades – numa parceria com Canal Plus, de onde vem o atual diretor-geral, Pierre Lescure, a ouverture, abertura, poderá ser acompanhada ao vivo em cinemas selecionados de toda a França. Montée des marches, inauguração – e o filme de Desplechin.

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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