ads1 ads2
GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

Na pele, a arte expressa na ponta da agulha

ads3

Foto: Victor Paranhos

ads4

“Nossa pele é uma dádiva, é um tipo especial de tela”. Esta matéria inicia com a famosa frase da antropóloga e curadora suíça, Susanna Kumschick, subentendendo-se que a antiga forma de arte corporal, iniciada com marinheiros europeus nas ilhas do Pacífico, pode ser considerada como uma das mais puras formas de arte, pois além de ser algo carregado praticamente pela vida toda, é exclusiva e original de cada pessoa.

Dentre os poucos artistas do ramo que profissionalizaram essa arte na região, a reportagem Gazeta falou com o tatuador profissional Alan Vergilio, que atua no ramo há cerca de dois anos. Sua história começa com uma caixa de engraxate, na cidade de Arroio do Tigre, trabalho este que o ajudava a levar comida para casa. Dentro do instrumento de trabalho, Alan levava consigo um caderno, onde desenhava as belezas da cidade, além de esboçar rostos de senhoras das comunidades quilombolas que andavam por ali. “Comecei a desenhar os prédios e ruas da cidade. Também gostava de desenhar aquelas senhoras que vinham dos quilombos para receber seus auxílios no banco. Aí eu sentava na frente delas, as desenhava, e dava esse desenho para elas. Eu já conseguia tirar o rosto delas apenas olhando. Gostava de analisar suas expressões”, ressalta.

ads6 Advertising

Publicidade

Logo após largar o serviço de engraxate, Alan, que também é artista plástico, começou a se dedicar muito mais à arte. “Conheci a arte pela história, através de obras do pintor italiano do período Barroco, Caravaggio. Eu gosto do jogo de luz e sombra que ele aplica em suas pinturas”, ressalta. Ao largar a caixa de engraxate, Alan ainda precisava levar dinheiro para casa, então começou a pintar telas para vender. “Muitas vezes meu pai saia para trabalhar e ficava fora por 20 dias. Tinha vezes que eu pintava telas e entregava elas ainda molhadas às pessoas, para poder comprar comida”, conta.

Saltando algumas décadas nesta história, além de se inserir no mundo da tatuagem para conseguir expressar sua arte, tendo em vista que a maioria das pessoas não compra mais quadros atualmente, Alan conta que iniciou neste ramo principalmente pelo incentivo dado pela artista plástica e professora de Artes, Renete Arrial. Na época Alan havia desistido da arte e se mudado para Caxias do Sul. “Quebrei meus pinceis e disse: ‘vou trabalhar como um ser humano normal’. Em Caxias eu trabalhava e fazia alguns grafites com o pessoal. Aí vim para cá a convite dela, já pensando em arrumar um emprego aqui. Ela disse: ‘não, tu pode ficar em casa e voltar a desenhar’. Foi ela que trouxe a minha arte de volta. Aí deu a ideia de tatuar. Foi minha inspiração para iniciar na tatuagem. Ela depositou toda a confiança em mim. Sempre falando que acreditava no meu potencial por ser um artista de rua. Foi a pessoa que me mostrou que eu podia viver de arte”, ressalta.

ads7 Advertising

Publicidade

O tatuador considera seu trabalho como sua vida. “Várias pessoas me perguntam: ‘a tatuagem dá muita grana?’ Eu, já penso no meu trabalho. Se meu trabalho ficar bom, o dinheiro é só consequência disto. Para mim vale mais o brilho no olho do meu cliente do que o próprio valor. Gosto de ver a satisfação deles”. Tocando no assunto, quando questionado sobre “qual tatuagem havia marcado em sua vida?”, o tatuador conta que foi seu primeiro portrait (tatuagem de rosto), do falecido pai do gerente da Gazeta Sobradinho, Laerson Rigon. “A tatuagem que me marcou ao fazer foi a do Laerson, pois é uma de seu pai, que havia falecido a pouco tempo. Ele se emocionou duas vezes dentro do estúdio. Meu pai também não fazia muito tempo que havia partido. Uma das vezes que saí fora do estúdio, eu estava com olho aguado, mas eu não podia passar isso para ele também. Essa tatuagem também marcou por ser a primeira portrait, onde pude tirar minhas dúvidas”, ressalta.

Tatuagem escolhida por Laerson para eternizar o pai Derli Cardoso de Souza | Foto: Victor Paranhos

Alan busca, além de conseguir mostrar sua arte para o mundo, tentar unir os tatuadores da região, o que, segundo ele, falta bastante aqui. “Falta união dos tatuadores aqui na região. Existe uma certa competição. Busco mais união entre os profissionais do ramo. Somos do mesmo time. Jamais falei mal de nenhum outro colega do ramo. Eu quero união e amizade, assim como vejo para fora, que ocorre essa troca de conhecimentos. O mundo é muito grande para todos. Penso em um dia, com humildade, poder estar a um nível nacional, pois a tatuagem pode nos levar muito longe”, ressalta.

ads8 Advertising

Publicidade

LEIA MAIS NOTÍCIAS DE CENTRO SERRA

Quer receber as principais notícias de Santa Cruz do Sul e região direto no seu celular? Entre na nossa comunidade no WhatsApp! O serviço é gratuito e fácil de usar. Basta CLICAR AQUI. Você também pode participar dos grupos de polícia, política, Santa Cruz e Vale do Rio Pardo 📲 Também temos um canal no Telegram! Para acessar, clique em: t.me/portal_gaz. Ainda não é assinante Gazeta? Clique aqui e faça sua assinatura agora!

Publicidade

ads9 Advertising

© 2021 Gazeta