Recentemente contei ao meu filho de 21 anos como aprendi a dirigir. Tenho 56 anos e a autoescola inexistia numa cidade pequena como Arroio do Meio, onde nasci, e que tinha cinco mil habitantes.
Meu pai chegava do trabalho no fim da tarde, momento esperado com ansiedade por mim, guri com 15 para 16 anos. Íamos à rodovia em direção a Encantado que à época tinha pouco movimento. Cada manobra era explicada em detalhes: arrancar com suavidade, respeitar os limites de velocidade, trocar as marchas e jamais creditar na sorte.
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– Pega o carro, leva teus avós para Porto Alegre, no Cemitério São Miguel e Almas que eles querem visitar o túmulo do meu irmão. Tu sabe o que fazer.
Era véspera do Dia de Finados. Tremi, mas compreendi que ele confiava em mim. Seria minha chance de provar que eu era responsável. A viagem transcorreu sem problemas. Ao pé da Avenida Oscar Pereira, onde se concentra a maioria dos cemitérios da Capital, pedi orientação para um soldado da Brigada Militar.
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Lembrei ao meu filho também que jamais aprendi a dar cavalo-de-pau com o carro do meu pai, manobra que era moda entre a gurizada.
– Se fizesse isto naquela cidade pequena, ao chegar em casa ele já estaria sabendo. Além de causar uma grande decepção, jamais voltaria a dirigir o carro dele – contei.
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