As praias de mar mudaram muito. Aqui no Estado, em Santa Catarina, no Rio de Janeiro, no Nordeste.
Em 1972 conheci a praia de Canasvieiras. A estradinha saía da Beira Mar norte até lá. Estrada de areia. Havia poucas casas. A água era cristalina e o regime dos ventos facilitava o esporte da vela.
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Logo em seguida, decidi passar para um Hobby Cat 14, que tem dois cascos separados; um catamarã, portanto. É um barco veloz; dá para navegar com duas pessoas a bordo. O catamarã, no entanto, não aderna como os monocascos. Se a gente facilitar, ele capota.
Até participei de uma competição e me dei muito mal por me precipitar na largada e capotar. Era o Hollywood Vela. Aos poucos, porém, fui me desencantando, por ser muito trabalhoso andar rebocando o barco para cima e para baixo.
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Parei de ir para lá e segui o conselho de um amigo, comprando uma casa em Xangrilá. Esse meu amigo me convenceu dizendo que o mar aberto não tem quase poluição, a praia é para caminhar na areia e não propriamente para nadar ou navegar. Que eu deveria valorizar o silêncio, as solitárias pescarias na plataforma de Atlântida, a possibilidade de jogar tênis nas quadras cobertas da Saba. Que no inverno era muito bom de curtir uma lareira.
Lamentavelmente, nos fins de semana de janeiro e fevereiro acorrem, além dos proprietários sazonais, pessoas espaçosas, barulhentas, muitos drogados, carros com som altíssimo, correndo em alta velocidade. Um inferno.
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De março até o meio de dezembro é tudo calmo. Mas em janeiro e fevereiro optei por uma tática que está dando certo. Sextas-feiras, após o almoço, volto para Porto Alegre e me refugio no nosso apartamento com vistas para o Guaíba e o Beira-Rio. Sábados e domingos, Porto Alegre desmaia, fica vazia, a orla se presta para andar de bicicleta.
Segundas-feiras, após o meio-dia, volto para a praia. Para o silêncio absoluto das madrugadas. Para a normalidade da convivência. Para a volta da civilização. Livre da barbárie.
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