Colunistas

Novo ano, velhos golpes

O apelo ao consumismo é uma das maiores tentações da vida moderna. Não passa um minuto sem que sejamos assediados para “adquirir” algum produto ou serviço. Criam-se “necessidades” nem tão urgentes. O bombardeio é inclemente. Basta ligar o rádio, assistir à tevê, acessar qualquer plataforma de internet, sair às ruas – pulverizadas por outdoors que prometem mundos e fundos.

As datas comemorativas são badaladas cada vez mais cedo. Este ano, em setembro, vislumbrei no centro de Porto Alegre o primeiro anúncio de Natal. Na mesma rua, a poucas quadras, um cartaz anunciava vagas para “montadores de pinheirinho e de vitrines de festas de final de ano”. Foi, desde que nasci, o recorde de antecedência.

LEIA MAIS: As lições da vida

Publicidade

Esta semana todas as atenções se relacionam ao “black friday”. É um evento que promove uma série de descontos em produtos de diversas lojas do Brasil e do mundo. É uma tradição iniciada nos Estados Unidos que marca o início do período de compras de fim de ano.

A black friday ocorre sempre na quarta sexta-feira de novembro. A data é definida a partir do feriado americano de Ação de Graças (Thanksgiving, em inglês). O feriado é tradicionalmente momento de reunião familiar, e o comércio aproveitou para alavancar as vendas e possibilitar a renovação de estoque. Assim, o evento é destinado às pessoas que querem aproveitar a oportunidade dos descontos. Nesse dia, é comum que haja maiores descontos do ano, levando as pessoas a superlotar lojas, disputando os produtos e congestionando alguns sites de comércio online.

LEIA MAIS: Das fraquezas humanas

Publicidade

A badalação desse evento não tem precedentes na publicidade brasileira, rivalizando com o Natal. Mas como em tudo em nosso país, os golpes – virtuais ou perpetrados “ao vivo” em lojas e shoppings – florescem feito cogumelos depois de uma chuva de verão. É difícil checar a veracidade das ofertas prometidas aos quatro ventos.

A única chance de não ser enganado ocorre quando o consumidor acompanha o comportamento dos preços de um determinado produto ou serviço meses antes da black friday. Cético, costumo desconfiar de remarcações com enormes percentuais.

LEIA MAIS: Realidade escamoteada

Publicidade

São comuns os casos onde comerciantes majoram os preços pouco antes dessa promoção anual desta época para, na maior cara-de-pau, garantir “descontos jamais vistos”. Outro fenômeno brasileiro é a ausência ou insuficiência de fiscalização para coibir crimes cometidos contra o consumidor. A impunidade é onipresente.

Comprar, tornar-se dono, realizar sonhos de consumo, adquirir objetos de desejo inconfessável e cair nas armadilhas da publicidade venal é comum nesta época do ano. Assim como o amor, a “ambição em adquirir “está no ar”. Mas não esqueça: as festas de final de ano batem à porta para inflacionar o orçamento doméstico.

LEIA MAIS TEXTOS DE GILBERTO JASPER

Publicidade

QUER RECEBER NOTÍCIAS DE SANTA CRUZ DO SUL E REGIÃO NO SEU CELULAR? ENTRE NO NOSSO NOVO CANAL DO WHATSAPP CLICANDO AQUI 📲. AINDA NÃO É ASSINANTE GAZETA? CLIQUE AQUI E FAÇA AGORA!

Gilberto Jasper

Share
Published by
Gilberto Jasper

This website uses cookies.