O Senado aprovou nesta quarta, 8, o texto principal do novo marco legal da biodiversidade, projeto que facilita a pesquisa e a exploração econômica da biodiversidade brasileira. Os senadores, porém, deixaram para terça-feira da próxima semana, 14, a conclusão da votação, quando serão analisadas três sugestões de mudanças no texto. Como o projeto passou por mudanças no Senado, terá que retornar para nova votação na Câmara após a conclusão de sua análise.
Um dos principais objetivos do projeto é reduzir as exigências burocráticas para a pesquisa sobre recursos da biodiversidade brasileira e renegociar dívidas de multas aplicadas antes da vigência da regulamentação atual. As medidas terão efeito especialmente na área de pesquisa e na indústria farmacêutica e de cosméticos.
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Relator do projeto, o senador Jorge Viana (PT-AC) disse que o texto resgata a possibilidade de o Brasil ingressar no mercado de produção de fármacos e cosméticos, uma vez que a legislação estava ultrapassada e impedia o desenvolvimento das pesquisas.
“Se levarmos em conta os trilhões de dólares envolvidos na indústria farmacêutica, as centenas de bilhões de dólares envolvidos na indústria de cosméticos e de alimentos e na indústria química, vamos chegar à conclusão de que, até hoje, o Brasil está fora desse mercado, mesmo com a maior biodiversidade do planeta, porque não há regra clara sobre o acesso à biodiversidade”, afirmou o senador.
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O projeto trouxe polêmica entre entidades que defendem maior facilidade de acesso à pesquisa e representantes de povos indígenas, quilombolas e extrativistas, que temem que a nova lei coloque os recursos naturais em risco ou reduza direitos destes grupos.
Após negociar com esses segmentos, os senadores incluíram no texto determinação para que comunidades tradicionais tenham o direito de uso dos recursos de flora e fauna nativas, sem estarem obrigados a repartir os benefícios. O projeto original prevê essa isenção para microempreendedores individuais, agricultores tradicionais e suas cooperativas.
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Outra mudança destina para unidades de conservação, terras indígenas, quilombolas e áreas prioritárias para conservação da biodiversidade a repartição de benefícios na modalidade não monetária sempre que o produto surgir de um “conhecimento tradicional”. A ideia, no entanto, é que isso ocorra de forma não remunerada, por meio de transferência de tecnologia e apoio à proteção da biodiversidade, por exemplo.
Pela proposta aprovada, a autorização prévia para a pesquisa deve ser substituída por um cadastro eletrônico, o que pode agilizar o processo.
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