Com o passar dos anos, ficamos refratários a mudanças. Hábitos, convicções e ideias se tornam tão sólidos que parecem aferrados ao cotidiano com cimento e ferro. Termos como superado, impertinente, cabeçudo e entulho humano são empregados com frequência diante da relutância em adotar mudanças. E da impaciência diante dos velhos.
Fidelidade é uma das palavras mais bonitas e que expressa um sentimento nobre, cada vez mais raro e que adoto como dogma em minha vida. A tecnologia talvez seja o principal divisor de águas para sessentões como eu. É preciso compreendê-la pelo menos nos princípios básicos para sobreviver, por exemplo, no ambiente de trabalho.
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Eles compreenderam que para fazer um vídeo ou postar um comentário no Instagram, Facebook ou Twitter é indispensável dispor de conteúdo, ou seja, um texto. E nesse quesito tenho larga experiência. Várias vezes por dia eles encaminham a demanda com o respectivo tamanho e eu me debruço na produção do que foi solicitado.
Fiquei amigo do cabeleireiro – que chamo de barbeiro, por motivos óbvios – que há 20 anos tosa meus ralos e grisalhos cabelos. Ele atende a domicílio, depois do expediente no salão que divide com vários profissionais. Houve uma época em que ele também atendia meu casal de filhos. Ele faturava um bom dinheiro e eu “matava três coelhos com uma única tesourada”.
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O mundo era mais simples antes da onipresença da tecnologia. Fazer compras no supermercado é exemplo clássico. Temos corredores inteiros com ofertas de um único produto como material de limpeza. Antigamente, como dizia minha mãe, sabão de glicerina era usado para lavar a roupa, a casa e a cozinha e, de quebra, usar no banho.
O grande desafio de sobrevivência é equilibrar convicções arraigadas com novidades que facilitam a vida. Tão ridículo quanto buscar a fonte da eterna juventude – com resultados esdrúxulos de sucessivas cirurgias plásticas, por exemplo – é lutar contra as novidades. Como dizia o velho Giba, meu pai, o bom senso está sempre no equilíbrio, jamais nos extremos.