Cultura e Lazer

O engenheiro vem aí: Humberto Gessinger se apresenta em Santa Cruz neste sábado

Grande referência da música brasileira na atualidade, Humberto Gessinger apresenta-se em Santa Cruz do Sul neste sábado. A partir das 23 horas, interpreta canções de quatro décadas de estrada em show no Centro de Eventos do Parque da Oktoberfest. A produção é de Spectare e Bastidores, com apoio de Clube do Assinante Gazeta e Rádio Gazeta FM 99,7. Assinantes da Gazeta têm desconto especial no ingresso.

Aos 61 anos, Gessinger projetou-se como vocalista da banda Engenheiros do Hawaii, formada há 40 anos, em 1985, na capital gaúcha, tendo no grupo original a companhia de Carlos Maltz, Carlos Stein e Marcelo Pitz. O pai de Humberto, Huberto Aloysio Gessinger (1930-1978), era natural de Vera Cruz, o que estabelece vínculo do artista com a região. Além do trabalho com a banda, lançou-se em carreira solo e tem parcerias com vários músicos, a exemplo de Duca Leindecker no projeto Pouca Vogal.

LEIA TAMBÉM: Encontro Diocesano do Apostolado da Oração mobiliza fiéis em Santa Cruz

Publicidade

Na atual turnê, celebra em especial dois momentos da Engenheiros, o Acústicos MTV, de 2004, e o Acústicos: Novos Horizontes, de 2007. Por coincidência, chegou às plataformas nessa sexta-feira o novo álbum do cantor, Revendo o que Nunca Foi Visto, que traz duas inéditas, além de músicas de seu show. Multi-instrumentista, responde por vocais, violão, piano, viola caipira e bandolim. É acompanhado por Felipe Rotta no violão, Fernando Peters no baixo, Paulinho Goulart no acordeon e Rafael Bisogno na bateria. Sobre o show, Gessinger concedeu entrevista exclusiva à Gazeta do Sul.

Além da música, carreira literária

A história da banda foi contada em livro pelo jornalista Alexandre Lucchese. Infinita Highway: uma carona com os Engenheiros do Hawaii foi lançado em 2016. O próprio Humberto Gessinger tem forte gosto pela literatura, e assina diversas obras. Em Pra ser sincero, de 2009, repassa a trajetória, quando 25 anos haviam se passado. Já em Mapas do acaso, de 2011, reflete sobre sua caminhada de formação e como artista. Nas entrelinhas do horizonte, de 2012, e Seis segundos de atenção, de 2013, exibem sua veia de cronista.

Milhas de uma estrada infinita

Reconhecido como um dos grandes compositores de sua geração, Humberto Gessinger assinou alguns dos grandes sucessos do cancioneiro da MPB a partir de meados dos anos 80. Em entrevista exclusiva que ele concedeu à Gazeta do Sul, reflete sobre a contribuição que ele e seus colegas de banda Engenheiros do Hawaii deram para essa cena cultural, tanto em termos de Estado quanto de País.

Publicidade

Com a Engenheiros, o trabalho resultou em 11 álbuns, de Longe Demais das Capitais, de 1986, a Dançando em Campo Minado, de 2003. Em suas letras, Gessinger sintetizou as inquietações e as expectativas de sua própria geração e da sociedade brasileira e global. Nas redes sociais, referiu que se apresentou três vezes em Santa Cruz com a Engenheiros do Hawaii, em 1986, 2000 e 2007; duas vezes pelo projeto Pouca Vogal, em 2009 e 2010; e uma na carreira solo, em 2016, sendo esta a mais recente vinda à cidade.

Entrevista exclusiva

A turnê marca os 20 anos de gravação do Acústico MTV. Como tem sido relembrar aquela experiência?

Tem sido ótimo voltar a trabalhar com quinteto e focar nos instrumentos acústicos (violão, viola caipira, bandolim, piano e harmônica, além do baixo) depois de vários trabalhos com power trio. Mais do que o repertório, é esse aspecto instrumental que me renova as energias.

Publicidade

Há ainda o diálogo com o Acústico Novos Horizontes, de 2007. O que permanece daqueles “novos horizontes”?

O show é baseado nos dois Acústicos EngHaw, o MTV e o Novos Horizontes. O primeiro teve uma repercussão muito importante, renovando meu público à época. O Novos Horizontes, por outro lado, aprofundou a linguagem acústica. Foi nele que comecei a tocar viola caipira, que passou a ser um elemento importante nos shows. Também nesse disco gravei um número maior de inéditas, chegando a um equilíbrio entre os clássicos e as novidades que me agrada mais.

LEIA TAMBÉM: Vila da Mônica: conheça parque que conta com certificações de sustentabilidade e de bem-estar

Publicidade

Como está a agenda e como tem sido a receptividade?

Muito intensa a agenda. Desde janeiro, já tocamos em seis capitais e até o fim do ano teremos tocado em todos os estados. Receptividade ótima, casas lotadas e, o mais importante, público feliz. Eu sabia que havia grande expectativa pelo show acústico, mas, mesmo assim, me surpreendeu a receptividade. 

O ano de 2025 marca 40 anos desde a fundação da banda. Qual o sentimento acerca da contribuição para a MPB?

Publicidade

Acho que minha geração colocou uma peça que faltava no quebra-cabeças da música brasileira, fazendo link da MPB clássica com um som mais estradeiro, tours mais longas, shows em ginásios, instrumentação mais pesada. Quanto à estética, somos todos parte da grande e frondosa árvore da MPB. Em algumas estações essa árvore sofre um pouco com o clima rigoroso, depois volta a florir. Tenho muito orgulho de fazer parte disso.

Além da turnê, conduzes algum trabalho autoral?

Nos últimos tempos, tenho feito parcerias interessantes com músicos que admiro muito e são de outro ambiente musical. O resultado está muito interessante, mas ainda não sei quando ou como vou mostrar esse trabalho.

O show chegará a Santa Cruz neste sábado. Como é tua ligação com a cidade? Guardas lembranças daqui?

Toquei menos do que gostaria de ter tocado na cidade. Mas tenho ligação forte, pois é a terra da família de meu pai. Esse lado pessoal fala mais alto do que o profissional.

O setlist de cada show é fixo ou tem merecido adaptações? O que o público de Santa Cruz poderá aguardar?

São músicas dos Acústicos MTV e Novos Tempos Horizontes, mas, como o tempo é curto pra tocar todas, costumo variar um pouco de show para show. É bom pra não cair no piloto automático. Os clássicos sempre estão no show.

Estamos a um ano da enchente de 2024. Como foste afetado por ela, e como vês nosso Estado um ano depois?

Sou bem pessimista quanto à maneira como Porto Alegre e o Rio Grande do Sul estão pensando seu futuro. Às vezes, acho que nem estão pensando. É uma pena, temos potencialidades incríveis que acabam ficando à margem. 

Várias canções da banda e da tua obra autoral remetem a questões ambientais…

Gosto quando várias questões se misturam numa canção. É uma forma de escapar da armadilha panfletária. Acho que não é só a música que comunica; a maneira como o artista se relaciona com os fãs, o mercado, a mídia etc. também são manifestações interessantes.

Qual ou quais canções de Engenheiros, em tua apreciação, mais e melhor simbolizam a caminhada de vocês?

Tem várias, cada uma aborda um aspecto dessa caminhada. Talvez Infinita Highway seja a resposta mais óbvia. Mas há uma música, chamada Pouca Vogal, que me orgulho muito de ter escrito. Quase ninguém se interessou por ela, e pouco toquei em shows, mas acho significativa pois fala de tema que me diz respeito pessoalmente, o gaúcho imigrante, de origem alemã e italiana. Esse tema sempre é ofuscado pela figura do gaúcho tradicional, do pampa. O fato de ser uma música pouco conhecida me deixa ainda mais interessado nela.

Publicaste livros. O que a literatura representa pra ti?

A palavra escrita é anterior à palavra cantada na minha vida. Mas as duas se misturam. A palavra é importante na minha música e o ritmo, na minha escrita.

O que o Humberto tem ouvido e o que tem lido? O que está em tua playlist e o que está na mesa de cabeceira?

O que mais me impressionou nos últimos anos foi a releitura que Roger Waters fez do disco Dark Side Of The Moon. Fazia décadas que não aparecia algo tão corajoso vindo dos grandes nomes do rock mundial. Uma pérola. Pra poucos, mas mesmo assim uma pérola. Quanto aos livros, andei me dedicando muito à cultura escandinava desde que minha filha foi morar em Estocolmo. Uma coisa bem pessoal, nada que faça sentido compartilhar, eu acho.

E o grande mundo, traz esperança ou desencanto?

O cérebro coletivo encolheu, muito triste isso. Pragas que achávamos extintas renasceram. Um individualismo feroz tomando conta. Um libertarianismo tosco, que não vê um palco à frente, tenta se impor impedindo importantes esforços pelo bem comum, pelos que estão em posição de fragilidade, pelo espaço público. Tento juntar as migalhas de esperança que vejo por aí e seguir em frente com a espinha ereta.

LEIA TAMBÉM: Gastronomia diversificada é um dos destaques da Festa da Colônia

Serviço

  • O QUÊ: show do cantor e compositor Humberto Gessinger
  • QUANDO: neste sábado, 28, a partir das 23 horas; abertura do local às 21 horas
  • ONDE: no Centro de Eventos do Parque da Oktoberfest
  • INGRESSOS (terceiro lote): Front VIP: inteiro, R$ 150,00; meio, R$ 75,00; solidário, R$ 125,00 + 1 quilo de alimento; Assinante Gazeta: R$ 120,00; Pista: inteiro, R$ 110,00; meio, R$ 55,00; Solidário, R$ 85,00 + 1 quilo de alimento; Assinante Gazeta, R$ 88,00 mesa (6 lugares): R$ 1.100,00. Ingressos na Casa do Cliente Gazeta ou pelo site blueticket.com.br
  • REALIZAÇÃO: produção de Spectare e Bastidores, com apoio do Clube do Assinante Gazeta e da Rádio Gazeta FM 99,7

LEIA AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS DO PORTAL GAZ

QUER RECEBER NOTÍCIAS DE SANTA CRUZ DO SUL E REGIÃO NO SEU CELULAR? ENTRE NO NOSSO NOVO CANAL DO WHATSAPP CLICANDO AQUI 📲. AINDA NÃO É ASSINANTE GAZETA? CLIQUE AQUI E FAÇA AGORA!

Paula Appolinario

Share
Published by
Paula Appolinario

This website uses cookies.