Como ser humano e comunicador estou desanimado com meus semelhantes. Nasci em 1960, a comunicação engatinhava. As pessoas conversavam olho no olho, as notícias demoravam dias, semanas, para chegar ao conhecimento geral. Hoje proliferam ferramentas onipresentes, com acesso em qualquer lugar, mas o que menos se vê é comunicação.
Não bastasse o desentendimento geral, proliferam técnicas cada vez mais sofisticadas de manipular conteúdos. Assim nasceram as fake news, a nova onda das redes sociais. Ao contrário do que se imaginava com o advento da internet, a maioria dos usuários “fala” somente com aqueles que compartilham das mesmas ideias, sem tirar nem pôr.
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Apesar dos recursos inimagináveis para a minha época de guri, as pessoas querem impor as suas opiniões, sem concessões ou tolerância. Não existe enriquecimento através do estímulo ao diálogo, da troca de conteúdo. O resultado é um emburrecimento generalizado.
Um dos resultados mais visíveis desta comunicação errática é a desistência de muitas pessoas no compartilhamento de conteúdos na facebook e outras redes sociais. Os vazamentos, a quebra de privacidade e as constantes invasões para o furto de dados pessoais só aumentaram a ojeriza e a desconfiança dos usuários. Empresas mundiais, criadas para facilitar a vida das pessoas, são invasoras, espiãs diuturnas de nossas vidas. E o pior: utilizam as nossas informações para ganhar muito dinheiro.
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Não me considero um cara saudoso, que gostaria de ver o mundo ouvindo rádio, sem televisão, computador ou telefone celular. Longe disso. Sonho, apenas, em lembrar o velho Giba, meu pai, que repetia à exaustão:
– O bom-senso está sempre no equilíbrio, jamais nos extremos!
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As novas gerações, ao sair do berço, operam smartphones com destreza. Por lazer, distração ou apenas para dar paz aos pais. É preciso muito mais para transformar nossa aldeia global em um lugar decente, sadio e dotado de entendimento e humildade.