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GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

‘O Grande Circo Místico’ é indicado para concorrer a vaga no Oscar

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Reunida nesta terça-feira, 11, na sede da Cinemateca Brasileira, em São Paulo, a comissão formada pela Academia Brasileira de Cinema para escolher o candidato do Brasil para o Oscar demorou duas horas de discussão “harmoniosa” para chegar ao nome palatável entre os 22 títulos inscritos. A escolha recaiu sobre O Grande Circo Místico, de Cacá Diegues, que crava sua sétima indicação como candidato do Brasil para o prêmio da Academia de Hollywood. Presidente da comissão, a produtora Lucy Barreto justificou a escolha de forma sucinta – “O mundo está precisando de poesia e magia e o filme do Cacá vai trazer isso para nós: brasilidade, música e alegria. Achamos que foi uma boa escolha.”

Duas horas de conversa harmoniosa? Parece uma contradição, em termos. Bárbara Paz, integrante da comissão, esclareceu. “É natural que nesse tipo de coisa, quando um grupo heterogêneo se reúne, ocorram divergências. Foram duas horas de discussão animada. Fomos eliminando até chegar a uma relação de cinco filmes que, segundo o consenso, possuíam condições para representar o País.” Que cinco filmes foram esses? Risadinhas da comissão – “Vocês (os jornalistas presentes) não esperam que a gente revele isso, não?” É claro que o currículo de Cacá pesou. É um dos diretores brasileiros mais conhecidos internacionalmente. Nas últimas semanas, tornou-se o segundo diretor de cinema a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, substituindo o primeiro – Nelson Pereira dos Santos.

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Foi um dos filmes de Cacá que mais problemas enfrentaram para ficar prontos. O cineasta enfrentou dificuldades de ordem pessoal – doença na família – e até o efeito final, com as trapezistas nuas (você vai entender quando vir), revelou-se mais complicado do que parecia. Tudo isso passou. Desde maio, O Grande Circo passou fora de concurso em Cannes; e abriu o Festival de Gramado, em agosto. Cacá, um dos nomes fundadores do Cinema Novo, não teme afirmar – “Esse filme é uma síntese de tudo aquilo em que acredito no cinema.” Daí a euforia por mais essa indicação.

Outro integrante da comissão, o cineasta Jeferson De, destacou algo muito importante. “Os filmes que concorreram à indicação oferecem uma súmula do Brasil e seu cinema. Como cidadão e artista negro, quero destacar que havia uma diretora negra nessa disputa. Não é fácil ser negro nem mulher nesse país, mas a Camila de Moraes, do Rio Grande Sul, marcou presença com um filme forte, O Caso do Homem Errado.” Independentemente de gostar mais desse ou daquele filme de Cacá, Jeferson reconhece nele, um diretor branco de classe média, um dos artistas que, no cinema brasileiro, mais se empenharam, ao longo de toda uma vida, em refletir sobre a condição do homem negro no Brasil. A negritude atravessa a obra de Cacá. Jeferson até admite que sentiu falta disso no novo filme.

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Interpretado por Mariana Ximenes e Vincent Cassel, entre outros, o filme também tem Jesuíta Barbosa como ‘meneur du jeu’, o apresentador do circo que não muda de aparência ao longo desses 100 anos. Cinéfilo de carteirinha, Cacá admite que o clássico Lola Montès, de Max Ophuls, foi uma de suas referências. O Grande Circo Místico está apontado para estrear em 16 de novembro. “Na verdade, o filme já está em diversas praças do Brasil inteiro, mas vamos deixar as grandes capitais para novembro, por causa das eleições. O quadro está muito confuso para o cinema querer concorrer com ele”, avalia Cacá.

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