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GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

O rebanho católico

Nasci no final de 1950 em Trombudo. Os costumes de nossos ancestrais estavam consolidados e esses ensinamentos eram naturalmente repassados de pai para o filho. Obedientes, não contestávamos essas verdades.

A minha família era católica. A maioria professava essa religião. O padre era considerado uma pessoa essencial na vila. Nas reuniões mais importantes da localidade, participava com desenvoltura das decisões. A autoridade era exercida pelo médico, escrivão, farmacêutico, padre, subprefeito e o comerciante mais forte. Mais tarde surgiu a figura do pastor da igreja protestante.

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Os católicos tinham obrigação de assistir às missas de domingos. O padre sabia de cor e salteado os nomes daqueles que falhavam no seu compromisso dominical, um pecado a ser confessado. Antes das missas, o padre ficava no confessionário e ouvia os pecados dos fiéis e dava-lhes a “sentença” conforme a gravidade da falha. O pároco conhecia as fraquezas e as virtudes de todo seu rebanho.

As famílias dos colonos alemães eram numerosas. Ter nove, dez, 12 filhos era comum. Quanto maior a prole, mais se poderia plantar: a mão de obra estaria garantida nas colheitas. Porém, os filhos mais novos eram obrigados a frequentar a escola até completarem o primário. A maioria ficava por aí mesmo, já que não existiam as escolas de segundo grau em Trombudo.

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Tinham que demonstrar inteligência nos estudos e também gostar de ajudar nas missas, como sacristão. Não era só isso, precisaria decorar as suas falas em latim para que soubesse dar as respostas corretas ao padre no ritual latino das missas. O religioso ficava de costas para o público e suas preces eram feitas em latim. Coitados dos fiéis! Ficavam a ver navios. Não entendiam patavinas.

Fui sacristão do padre Emílio Backes em Trombudo. Ainda bem que não aprendi latim. A Santa Igreja Católica livrou-se de um medíocre padre!

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