Um dia, Helena, de 77 anos, volta do trabalho e se depara com dois arcos com louros dourados em frente ao seu lar. A faxineira de um frigorífico de jacarés descobre que é uma homenagem do governo brasileiro, por conta da sua idade. Até mesmo uma medalha é entregue.
Em um futuro (não tão) distópico, os idosos perdem seus direitos, ficando sob supervisão dos filhos, e são encaminhados para uma colônia onde passarão o resto das suas vidas. Assim, não vão atrapalhar o restante da população, aumentando a produtividade econômica. E quem ousa impedir o progresso é preso.
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Um dia, Helena perde o emprego e descobre que a idade para ir à colônia passou de 80 para 75 anos. Inconformada com a notícia, decide embarcar em aventura pelo Amazonas para aproveitar o tempo que resta a fim de realizar um querer: voar de avião.
Essa é a premissa de O Último Azul, longa nacional em cartaz nos cinemas de Santa Cruz do Sul. O diretor Gabriel Mascaro, de Boi Neon, transforma a jornada contemplativa da protagonista em versão brasileira de A Odisseia, de Homero, na qual ela vai conhecendo e interagindo com diferentes personagens ao longo da trama.
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Em uma sociedade que trata os idosos com indiferença e até com desprezo, as interações entre Helena e diferentes pessoas tornam-se um ato de rebeldia. Neles estão a força das relações, da empatia e da humanidade em um mundo que exige mais produtividade e mais apatia.
Um dos encontros marcantes é com Cadu, um pescador interpretado por Rodrigo Santoro, que aceita navegar com Helena pelo rio. A relação entre os dois começa conflituosa, mas, na medida em que são obrigados a passar juntos, os personagens crescem e evoluem, mostrando mais uma vez a importância do diálogo.
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Ainda que breve, a presença de Santoro é hipnotizante, evidenciando mais uma vez que o ator consegue se transformar e “desaparecer” no personagem. Por mais frustrante que possa parecer a participação rápida, não se engane: o coração e a alma de O Último Azul estão em Helena. E Denise Weinberg entrega performance inesquecível.
Em 85 minutos, Mascaro consegue abordar temas como indiferença, etarismo, sonhos e desejos de forma completa. Seu Brasil fictício espanta de tão realista e convincente, servindo de alerta. Quando o filme acaba, fica o desejo de acompanhar mais aventuras de Helena.
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