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GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

O valor da dúvida

Imagine que você esteja às voltas com um problema complexo. No esforço para solucioná-lo, parece razoável usar seus conhecimentos como guia, percorrendo vários caminhos que, aparentemente, vão levá-lo a uma saída. Mas o que acontece se o que você conhece, aquilo de que tem certeza, está errado? Quantas vezes vai percorrer os diversos caminhos e, no fim deles, sempre encontrar um muro? Qual seria, enfim, a melhor estratégia para resolver um problema complexo?

Em uma época em que opinamos sobre tudo, quase sempre com muita convicção, soa estranho apontar a dúvida como o melhor instrumento para destruir paulatinamente dificuldades extremas. Desconfiar do que sabemos permite olhar para outras direções em busca de uma resposta mais adequada, aceitar interpretações diversas para o problema enfrentado e mesmo comparar soluções encontradas por outras pessoas para dificuldades semelhantes. Mas mais que tudo, nos leva a fazer perguntas, e elas nos forçam a buscar outras fontes. Até podem indicar que nosso conhecimento original estava certo, mas geralmente não é isso que acontece.

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Feynman participou do Projeto Manhattan, que produziu as primeiras bombas atômicas na Segunda Guerra, e deu grandes contribuições para áreas da ciência ainda incipientes nos anos 50 e que depois ganharam importância no nosso mundo moderno. Foi, portanto, um pioneiro, ainda hoje considerado o maior físico dos Estados Unidos de todos os tempos, quase 30 anos após ter morrido. Ele fez tudo isso alicerçado na dúvida, não em certezas. Na sua área, a ciência, ela ajuda a eliminar os erros de avaliação e os preconceitos, tendências humanas que turvam a busca pela verdade. Um exemplo assim deveria inibir nosso impulso de falar sobre tudo a todo momento, geralmente na posição da autoridade que não somos.

Por tudo isso, vejo sempre a dúvida com encantamento. É o que não sabemos que nos leva mais adiante, que nos ajuda a expandir os limites do conhecimento, e não o contrário. Foi duvidando sistematicamente que descemos das árvores, nos espalhamos pelo mundo, fomos à Lua e nos preparamos para ir a Marte. Mas isso somente se nossas certezas não atrapalharem.

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