Saúde e Bem-estar

Ocupação de leitos de UTI por doenças respiratórias preocupa a região

A saúde pública no Rio Grande do Sul está em situação de emergência diante do aumento de internações por síndromes respiratórias (Srag). Nessa quinta-feira, 29, o governo do Estado afirmou que maio apresentou o maior número de hospitalizações por gripe quando comparado a qualquer mês nos últimos três anos.

De acordo com o painel da Secretaria Estadual da Saúde, foram registradas 5.246 internações desde o início do ano. Destas, 1.446 (27,56%) utilizaram Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Ao todo, 389 pessoas faleceram em decorrência de Srag.

Na área da 13ª Coordenadoria Regional de Saúde – que abrange Candelária, Gramado Xavier, Herveiras, Mato Leitão, Pantano Grande, Passo do Sobrado, Rio Pardo, Santa Cruz do Sul, Sinimbu, Vale do Sol, Vale Verde, Venâncio Aires e Vera Cruz – o acumulado de internações chegou a 176.

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Entre os hospitalizados, 96 (54,55%) eram homens. A faixa etária com maior número de internações é de 60 a 79 anos (46), seguida pelos bebês com menos de 1 um ano (40). Ao todo, 66 (37,50%) foram transferidos para a UTI. 

Desde o início do ano, 19 pessoas (11,95% dos pacientes) faleceram em função da doença. A maioria dos que morreram eram homens (52,63%) com idade entre 60 a 79 anos (12).

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Entre os municípios atendidos pela 13ª CRS, Venâncio Aires concentra o maior número de hospitalizações. São 76, além de sete mortes. Por sua vez, Santa Cruz do Sul registrou 64. No entanto, o município lidera o número de mortes – oito ao todo.

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Segundo a coordenadora da 13ª CRS, Mariluci Reis, entre as casas de saúde da região, o Hospital Santa Cruz é o que tem maior taxa de ocupação, enquanto as demais podem atender um número maior de pacientes. A preocupação, no momento, é a ocupação nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs). “Os leitos de Candelária, de Venâncio Aires, do HSC e do Ana Nery estão lotados”, alerta.

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Referência na área, o médico infectologista Marcelo Carneiro, diretor técnico do Hospital Santa Cruz, afirma que o Estado lançou uma notificação de risco de superlotação em hospitais. Diante disso, recomenda que a população tenha cautela e fique atenta aos sintomas respiratórios.

Carneiro ressalta ainda a realização de exames para diagnóstico do paciente e saber se ele está com influenza, coronavírus ou outro vírus respiratório. “Isso é superimportante para termos controle da doença na cidade e evitar complicações maiores.”

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Cobertura vacinal da população está longe da meta

A Secretaria Estadual da Saúde alertou para a importância da vacinação contra a gripe (influenza) diante do aumento de internações no Estado. Conforme a pasta, de cada cinco pacientes hospitalizados pela doença no ano passado, quatro não estavam imunizados. 

No entanto, o Rio Grande do Sul apresenta uma baixa adesão à campanha, tornando-se motivo de preocupação. A cobertura vacinal de crianças de 6 meses e menores de 6 anos é de somente 24,6%. Já entre os idosos chega a 43%. No caso das gestantes, também considerado um grupo prioritário, é de apenas 20,7%.

A média geral é de 38,2% no Estado, superando a nacional, que chegou a (32,4%). Entretanto, de acordo com a pasta, ainda está longe da meta de 90%. Estima-se que pelo menos 1,8 milhão de crianças, gestantes e idosos não se vacinaram.

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Profissionais alertam que a vacinação é fundamental para prevenir o agravamento das doenças respiratórias | Foto: Rodrigo Assmann

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Na região da 13ª CRS, 67.622 doses foram aplicadas até quarta-feira. Entre os idosos, somente 27.158 de 74.026 já foram imunizados, ou seja, uma taxa de 36,68%. Entre as crianças, o percentual é ainda menor: 21,17%. De 20.888, apenas 4.422 estão vacinadas. Quanto às gestantes, a taxa é de 29,42%, sendo que 804 de 2.733 se imunizaram. Entre a população geral, foram aplicadas 13.573 vacinas.

Entre os municípios atendidos pela 13ª CRS, Herveiras registra o maior percentual geral (gestantes, crianças e idosos), de 56,2%. Já em Santa Cruz do Sul, a taxa é de 38%.

Segundo o infectologista Marcelo Carneiro, a vacinação é recomendada antes do inverno justamente para diminuir os casos com maior risco de gravidade, sobretudo em crianças com menos de 1 ano ou pessoas com 60 anos ou mais. Contribui ainda na prevenção de pacientes com comorbidades, incluindo aqueles com doenças no coração, que fazem quimioterapia ou outro tratamento que reduz a imunidade.

Carneiro recomenda que a população em geral também seja vacinada. Em especial, aqueles que convivem com doentes em casa ou com idosos, de maneira a diminuir o risco das formas graves da doença.

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Aumento de casos

O Hospital Santa Cruz iniciou a semana com 64% dos 245 leitos ocupados. Atualmente, há 11 pacientes com síndrome respiratória. Na UTI Adulta, a taxa é de pelo menos 60%. Já a Pediátrica (Utip) – que atende crianças de 29 dias a 11 anos e 12 meses – chegou à capacidade máxima, com cinco pacientes atendidos, todos diagnosticados com Srag. “Estamos com muitas crianças internadas em pediatria e Utip por síndromes respiratórias”, afirma a diretora assistencial do HSC, Eliane Carlosso Krummenauer. 

Eliane salienta ainda que, entre os idosos, existem pacientes graves. Segundo ela, muitos estão associados a outras comorbidades, o que agrava o quadro. No entanto, o número de casos de síndrome respiratória diminuiu em relação ao ano passado. 

Já o Hospital Ana Nery está com a capacidade de internação no limite máximo de ocupação. Entretanto, conforme a assessoria de imprensa, os casos estão dentro da normalidade para o período e são acompanhados de forma rigorosa. “A instituição está atenta à situação e adota todas as medidas necessárias para garantir a continuidade da assistência com segurança e qualidade”, consta na nota.

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É hora de usar a máscara?

Para os profissionais da saúde, diante do aumento de doenças respiratórias, a máscara voltou a ser uma importante ferramenta de prevenção. Conforme a coordenadora da 13a CRS, Mariluci Reis, o uso ajuda a reduzir a disseminação dos vírus, protegendo tanto o usuário quanto as pessoas ao redor, sobretudo os mais vulneráveis, como crianças e idosos. “Embora não seja obrigatório, o uso da máscara é uma atitude responsável e solidária diante do cenário atual”, observa.

Para a diretora assistencial do HSC, Eliane Carlosso Krummenauer, o uso da máscara é indicado especialmente em ambientes com aglomeração e serviços de saúde. E se a pessoa estiver com sintomas respiratórios, mesmo leves, a utilização é recomendada. “Trata-se de um gesto de responsabilidade e respeito ao próximo, que continua sendo muito atual e necessário”, reitera.

As profissionais orientam ainda que a população cubra a boca e o nariz ao tossir ou espirrar, além de higienizar as mãos com frequência. E na presença dos sintomas (febre, tosse e dor de garganta, no corpo ou de cabeça), é preciso evitar contato próximo com outras pessoas.

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Julian Kober

É jornalista de geral e atua na profissão há dez anos. Possui bacharel em jornalismo (Unisinos) e trabalhou em grupos de comunicação de diversas cidades do Rio Grande do Sul.

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Julian Kober

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