Desde o início de operação, em 16 de novembro de 2020, o Pix – novo sistema de pagamentos e transferências instantâneas de dinheiro, criado pelo Banco Central (BC) – caiu no gosto dos brasileiros, principalmente dos mais jovens. Dados do BC mostram que o público com 60 anos ou mais responde por apenas 3,8% das transações. A estimativa é que o sistema já chega a 30% de pagamentos e transferências, substituindo aos poucos os DOCs e TEDs, além das maquininhas de pagamentos, que tiveram as transações reduzidas de 68% para 51%. “O Pix é o queridinho do brasileiro”, resume o gerente geral de TI do Banco do Brasil e diretor setorial de TI da Febraban, Rodrigo Mulinari.
A maioria das transações por Pix – 83% – são realizadas por pessoas físicas, enquanto as empresas aparecem com apenas 17%, mas com forte tendência de alta. Vale lembrar que, hoje, os bancos ainda não cobram taxas pelas transferências de Pix entre as pessoas físicas, enquanto nas transações TED/DOC e máquinas de pagamento há custos com tarifas.
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Em vias de se transformar no principal meio de pagamento do Brasil, o que é só uma questão de tempo, infelizmente o Pix já é alvo de criminosos para praticarem golpes, fraudes e extorsões, sendo as mais aplicadas:
- centrais de atendimento falsas – os golpistas simulam centrais de atendimento de instituições financeiras: entram em contato com clientes, solicitando dados pessoais e bancários para regularizar “suposta” pendência; desconfiar sempre porque bancos não solicitam dados dos clientes por telefone, nem pedem para fazer testes no app;
- tentativas de phishing (pesca/roubo) de informações pela internet – através de clonagens de sites de instituições oficiais, os clientes são direcionados a links falsos em que são induzidos a inserir informações bancárias, tokens ou chaves de acesso; optar por acessar o app ou site oficial da instituição financeira;
- clonagem do whatsapp – o mais comum é escolher alguém numa rede social, pegar a foto dele e criar uma nova conta; a partir daí, os golpistas mandam mensagens para amigos e familiares, pedindo transferência via Pix de algum valor, com a promessa de devolver no dia seguinte;
- pix cobrança – os criminosos criam QR codes falsos que redirecionam a páginas e sites, clonados, levando o usuário a fazer o pagamento para terceiros; como é difícil distinguir um QR code falso apenas olhando para ele, deve-se buscar outras informações (valor cobrado, CNPJ ou CPF), antes de fazer o pagamento.
Até há pouco, era comum a vítima ser abordada, ter seu cartão roubado e os criminosos fazerem compras altas com aquele cartão; depois, evoluíram para tática de obter dinheiro com maquininhas de cartão de débito ou crédito, o que sempre oferecia riscos de os meliantes serem identificados.
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Na avaliação do delegado Gilberto Tadeu Barreto, “virou uma praga. O Pix é uma tecnologia fantástica, mas está sendo usada de uma forma totalmente indevida. E não só nos crimes de sequestros-relâmpagos e roubos à mão armada, mas também em estelionatos. Foi um mecanismo que os criminosos aprenderam a usar de uma forma muito rápida”.
Ainda não há consenso sobre quem deve arcar com o prejuízo em golpes aplicados, utilizando o Pix. De acordo com o advogado e professor especialista em direito digital, Luiz Augusto D’Urso, “em regra, o banco não tem responsabilidade quando há um crime cometido utilizando o Pix”. Isso porque, no caso de um sequestro-relâmpago, por exemplo, crime que cresceu muito, a própria vítima coloca o login no aplicativo do banco e faz a transferência. “O banco não contribui em nada com essa fraude, com esse crime”, diz o especialista. O mesmo acontece quando o consumidor informa sua senha, ainda que forçado ou enganado.
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Cabe registrar que as transações via Pix são seguras, sendo tudo registrado e totalmente rastreado. O problema é que o dinheiro transferido é imediatamente sacado por clientes “laranjas”, o que torna difícil a sua recuperação. A insegurança está no ambiente e na sociedade em que vivemos. A empresa especializada em prevenção a fraudes em transações online, AllowMe, recomenda:
- utilizar os apps de banco somente em casa (não usar wi-fi de shoppings, bares ou qualquer outro tipo de local público para realizar transferências);
- diminuir o limite financeiro de transferência via Pix (opção disponível no app do banco);
- no dia a dia, utilizar um app de banco secundário com um menor valor em sua conta corrente e um crédito baixo.
Por fim, como avalia o executivo da AllowMe, Gustavo Monteiro, “falta orientação para a criação de uma cultura de segurança nas pessoas”.
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