Não raro uma dúvida me assalta: como será o meu desempenho como marido, pai, amigo e profissional? É uma tarefa complexa. Não apenas pela diversidade de funções, mas pela incapacidade de julgar com imparcialidade, o que, cá entre nós, é impossível. Autocrítica é fundamental, mas missão quase impossível. Já tentei um exame, digamos, técnico, mas jamais consegui concluir a tarefa. Mas vamos lá, tentar começar o ano vencendo este desafio.
Como marido, sou muito enfático, deixando de lado o conselho ministrado pelo meu falecido pai: – Casamento é a arte de se fazer de surdo – ensinava o velho Giba.
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Gosto mesmo é do meu desempenho como pai. Sou amigo, sempre, mas um grande cobrador. Sou solidário, mas não tolero falta de respeito, reincidências nefastas e mentira. Não sou sovina e costumo incentivar as mais absurdas iniciativas dos filhotes.
Em termos de amizade, mantenho um punhado de afetos que são religiosamente cumprimentados no dia do seu aniversário e nas festas de final do ano. Gosto de telefonar para manifestar a alegria de ter alguns fiéis afetos há mais de 30 anos.
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Redijo colunas em jornais de cinco cidades gaúchas; trata-se de uma espécie de divã para compartilhar experiências que considero divertidas ou de alguma maneira interessantes. Não é uma tarefa fácil, afinal, o cronista não conhece seus “clientes”, o que às vezes gera mal-entendidos, mensagem virulentas fruto de interpretações diversas da intenção original do autor.
Ao longo da vida, interpretamos inúmeros personagens. Às vezes não estamos preparados para um desempenho à altura da expectativa nutrida por familiares e amigos. Com o tempo, porém, a experiência fornece o molho necessário para tornar a vida um prato palatável que desperta, a cada amanhecer, renovado apetite.
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