Pacientes ficaram cegos após cirurgia no mutirão de catarata do Hospital das Clínicas do Alvarenga, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. Das 27 pessoas que fizeram a cirurgia no dia 30 de janeiro, 21 tiveram infecção ocular e alguns desses tiveram que retirar o globo ocular por causa da gravidade da contaminação pela bactéria pseudomonas.
A paciente Ilda de Matos Correia, 64 anos, perdeu a visão do olho esquerdo no dia seguinte à cirurgia. Após ser encaminhada pela assistente do médico que realizou a cirurgia a diferentes clínicas e hospitais, Ilda finalmente chegou ao Hospital Brigadeiro, na capital paulista, onde foi operada em 5 de fevereiro para conter a infecção pela bactéria pseudomonas.
“Eles [os médicos] falaram que, se realmente a infecção fosse o que eles estavam conseguindo visualizar, ótimo, eles iam remover a infecção, remover a bactéria que estava lá dentro e tudo bem. Se, por acaso, abrissem e vissem que a infecção estava maior do que eles podiam visualizar, teriam que retirar o globo ocular. A Ilda ficou arrasada”, contou um parente que não quis se identificar.
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O quadro de Ilda não foi um dos piores e a infecção foi controlada, mas ela ainda está em observação. “Não precisou tirar o globo ocular, graças a Deus”, disse o parente aliviado. Apesar disso, a paciente perdeu a visão.
Segundo o familiar, a prefeitura de São Bernardo do Campo disponibilizou apenas transporte para locomoção da paciente às clínicas e hospitais, mas a família decidiu utilizar um veículo particular. Os medicamentos para tratamento da infecção estão sendo pagos pela família.
Maria Helena Lucena de Godoy, 55 anos, também perdeu a visão de um dos olhos por causa da infecção pela bactéria pseudomonas após a cirurgia de catarata em São Bernardo. Na sexta, 5, foi operada no HC do Alvarenga e continua internada até hoje, segundo sua filha Kathyllin Costa.
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“As reações vieram no dia seguinte [à cirurgia], no domingo. Ela teve dor no olho e dor muito forte de cabeça. Até terça-feira, ela via vultos, via alguma coisinha. Já na quarta-feira ela não enxergava mais nada”, disse a filha. “Corremos para o pronto-socorro no domingo. Já corri atrás e, quando cheguei lá, já tinham vários pacientes com a mesma coisa”, contou.
Na primeira vez que foi atendida no pronto-socorro, Maria Helena foi medicada e informada que os sintomas poderiam ser algum tipo de reação à cirurgia de catarata. “Até então todo mundo achou que seria só aquilo, mas só foi complicando a cada dia que passava”, contou a filha.
Maria Helena está em tratamento psicológico, oferecido pela prefeitura, tentando superar a perda da visão. “Ela falou para o psicológico que queria morrer”, contou a filha, lembrando que a mãe está muito abatida. Quando aos antibióticos e colírios necessários para o tratamento, a conta está sendo paga também pela família da paciente.
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Investigação
A prefeitura de São Bernardo do Campo disse, em nota, que desde o início da semana, quando identificou as ocorrências após os pacientes procurarem o serviço municipal de urgência e emergência, a Secretaria de Saúde adotou um conjunto de medidas de urgência de assistência aos pacientes e familiares e também ações administrativas e de vigilância.
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A Secretaria de Saúde informou que vai manter a assistência aos pacientes, com procedimentos de reabilitação e acompanhamento profissional após a recuperação cirúrgica.