O Pêndulo continua seu tique-taque. Gira girando às voltas da realidade, embalado por Roda Viva, de Chico Buarque. “Roda mundo, roda gigante, roda moinho, roda pião… O tempo rodou num instante, nas voltas do meu coração.”
Vencedora de Festival da MPB, nos 1960. Hoje tão pobrinha, nossa música popular, nestes dias e noites de diabretes exibidos em festas, concertos, missas, cultos… Celulares protagonistas. “Tudo que é demais é sobra”, se diz na Bahia de irmã Michelle, do mosteiro. E sobra é sempre sobra, minha gente.
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Seja como for, tenho lá minhas fobias. Coisa de quem nasceu no século passado: jornais impressos; os telegramas e livros na mão eram testemunhas de janeiros e dezembros…
O ser humano parece que foge da vida. Mergulha em mares de Oblivion, contraparente de o país do Nunca… Pátria de sereias, tritões, piratas e bruxas de todos os gêneros; chupadores bonzinhos de sangue e outros undead de carne e osso sob um sol de araque, mas que racha assim mesmo…
Se a gente abre a tevê por assinatura, toma susto com a quantidade de seriados sobre zumbis e demônios: é altíssima a audiência de jovens…
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O mundo é mesmo um moinho. Que faz possível o pão que alimenta, mas também moinho triturador de sonhos, se a gente não tiver fé, caridade…
Falando nisso, madre Paula Ramos, a fundadora do Mosteiro na Linha Travessa, completa hoje 63 anos de profissão monástica. E a veterana monja tem sido líder no caminho do bem; estrada de quem mergulha no Infinito. Existência de contracultura e compromisso. De quem plantou rosas em favelas e no asfalto, acalentando esperanças.
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Irmã Michelle Barbosa, baiana das verdadeiras, fará amanhã seus votos monásticos em pagos gaúchos. Para ela, vou cantar em terras soteropolitanas. “A velinha está queimando, aquecendo a tradição…” “Senhora Negra, Iyá querida, soberana quilombola, a Senhora Aparecida.”