Grande parte dos livros que lemos, não brotam espontaneamente em nossa vida. Muitos deles são indicações de professores, amigos, ou críticos literários. Falam ou escrevem sobre autores, obras, temas abordados, provocando nosso desejo de também ler. Tenho ouvido bastante, nos últimos tempos, de pessoas que dizem ir a uma biblioteca, a uma livraria ou a uma feira e, mesmo diante de um conjunto enorme de obras, se dizem confusas ou mesmo incapazes de fazer uma escolha.
Isso não constitui problema e não deve inibir ninguém de ler. Perdi o número de vezes em que me deparei com alunos na faculdade que confessaram jamais terem lido uma obra. Eu sempre dizia: Então vais começar comigo, vou te ajudar a suprir essa lacuna. E me restava sempre uma indagação de como essas pessoas passaram a vida escolar inteira sem ter lido praticamente nada. “Não gosto de ler” era a sentença preferida. E, para não atribuir a culpa apenas às escolas, vamos incluir os lares de onde procedem esses jovens.
Criança pequena afirma categoricamente que não gosta de determinado alimento, mesmo sem jamais ter experimentado. O adulto sabe quanto melhor seria se ela incluísse na sua dieta alimentar aquela verdura, aquela fruta, aquelas vitaminas. Com a leitura dá-se o mesmo. Como dizer que não gosta se jamais experimentou? Nesse caso, cabe ao proponente conhecer um pouco da pessoa que o procura, escutar seus possíveis interesses, necessidades ou desejos e, então, partir para as indicações. Fazer um bom diagnóstico para prescrever a receita.
Publicidade
É interessante sempre, para iniciar, indicar caminhos mais palatáveis. Podemos incluir ficção científica, narrativas policiais, romances românticos, histórias de terror, de caráter histórico, de viagem, de espiritualidade, biografias, não faltam opções para todos os gostos. Estou focado aqui no gênero narrativo; a poesia, porém, é igualmente uma fonte de beleza, de sabedoria, de reflexão sobre a vida pessoal e social. E ajuda a tornar a alma grande, a vida grande, porque, como escreve o imortal Fernando Pessoa, “tudo vale a pena se a alma não é pequena”.
Uma alegação frequente para não ler é que os livros são caros. Até concordo, alguns são. No entanto, temos à disposição ricas bibliotecas com variedade imensa e diversificada de obras. Frequentá-las, caminhar por seus corredores, conversar com os responsáveis, tudo isso pode iluminar nossas escolhas e desencadear uma viagem de conhecimento, de cultura, de imenso prazer. Atrevo-me a lançar uma ideia: que os pais também possam retirar livros nas bibliotecas da escola. É motivo de alegria saber que a nossa última feira do livro comercializou quase 24 mil exemplares. Que em casa não se encham de pó ou virem morada das traças, mas sejam alimento para nos fortalecermos em nossos conhecimentos e despertarmos nossas emoções.
Deixando de lado milhares de outros, inclusive um expressivo volume de obras de autores locais e regionais, que merecem nossa atenção, indico dez clássicos romances da literatura brasileira que vale a pena conhecer e viver: Os tambores de São Luís, de Josué Montello; Mar morto, de Jorge Amado; São Bernardo, de Graciliano Ramos; Os varões assinalados, de Tabajara Ruas; Porteira fechada, de Cyro Martins; A ferro e fogo (I), de Josué Guimarães; Torto arado, de Itamar Vieira Júnior; Perversas famílias, de Assis Brasil; Leite derramado, de Chico Buarque; e Dois irmãos, de Milton Hatoum. Quase todos estão disponíveis na Biblioteca Municipal.
Publicidade
LEIA MAIS TEXTOS DE ELENOR SCHNEIDER
QUER RECEBER NOTÍCIAS DE SANTA CRUZ DO SUL E REGIÃO NO SEU CELULAR? ENTRE NO NOSSO NOVO CANAL DO WHATSAPP CLICANDO AQUI 📲. AINDA NÃO É ASSINANTE GAZETA? CLIQUE AQUI E FAÇA AGORA!
Publicidade
This website uses cookies.