Em média, três ocorrências de violência doméstica são registradas por dia em Santa Cruz do Sul. Dados da Delegacia de Polícia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) apontam que, apenas entre janeiro e setembro deste ano, 1.043 casos de violação dos direitos das mulheres chegaram até a Polícia Civil do município. Em grande maioria, ameaças e lesões corporais. Porém, a agressividade já causou seis mortes de mulheres apenas neste ano. E, no Brasil, os índices são ainda piores: a cada dois minutos, cinco mulheres são agredidas, além de 11 assassinadas por dia.
Com o objetivo de conscientizar a população e reduzir os casos de violência doméstica, nessa sexta-feira, 25, foi comemorado o Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher. Em Santa Cruz do Sul, a data foi lembrada com o 13º Seminário pela Articulação da Rede de Atenção às Mulheres Vítimas de Violência. O evento teve como palestrante a professora do Departamento de Ciências Humanas da Unisc e psicóloga do Creas de Cachoeira do Sul, Gabriela Maia, que abordou o tema ‘Tecendo redes para o enfrentamento da violência contra as mulheres’. Durante a apresentação, sete participantes do seminário encenaram uma situação de agressão e simularam medidas que precisam ser tomadas.
Coordenadora do Escritório de Defesa dos Direitos da Mulher, Rosane Maria Müller conta que só até novembro 15 mulheres já foram acolhidas na Casa de Passagem. Destas, seis tinham medidas protetivas contra os parceiros. “Elas chegam após realizar o registro policial. Em média, ficam três dias, tempo em que o juiz toma uma decisão e conseguimos auxiliar no retorno pra casa. Entretanto, quando o caso é mais grave, as vítimas ficam recolhidas pelo período que consideramos necessário para garantir a segurança delas”, explica.
Publicidade
Em relação ao ano passado, conforme Rosane, os números se mantiveram. Mas a preocupação da coordenadora, agora, é quanto à proximidade das festas de fim de ano, quando os casos de violência costumam aumentar em razão do consumo abusivo de bebidas alcoólicas. Para reduzir os registros de agressões, ela acredita que as vítimas precisam ter consciência da condição em que vivem. “É necessário um empoderamento da mulher, pois muitas vezes elas se julgam incapazes de viver sem o parceiro e acabam aceitando os problemas”, frisa.
O seminário foi organizado pelo Conselho Municipal de Direitos da Mulher, com apoio da Secretaria Municipal de Inclusão, Desenvolvimento Social e Habitação, do Escritório de Defesa dos Direitos da Mulher e do Centro de Referência Especializado da Assistência Social (Creas).
Cuidado
Publicidade
Características do agressor que alertam para possível violência:
– Comportamento controlador;
– Rápido envolvimento amoroso;
– Expectativas irrealistas com relação à parceira;
– Isolamento;
– Ciúmes;
– Hipersensibilidade;
– Crueldade com animais e crianças;
– Desempenho de papéis violentos na relação sexual;
– Abuso verbal;
– Registro de abusos no passado.
Brutalidade que se desenvolve em diferentes etapas
Publicidade
Estudos apontam que a violência doméstica tem uma sequência de três fases: tensão, explosão e lua de mel. No primeiro, o parceiro agride e ameaça verbalmente, demonstra ciúmes. A vítima, porém, busca acalmá-lo. Nessa etapa, a mulher ainda se sentiria culpada pelo comportamento do companheiro. Na fase de explosão, aumentariam as agressões verbais e físicas. A vítima sente mais medo e ansiedade. Já na última, o agressor se culpa após cometer a violência e promete não repetir o comportamento. Entretanto, depois de um período mais ou menos curto, ele volta a ser agressivo.
Confira registros do seminário:
Publicidade
This website uses cookies.