O simpático e arborizado distrito de Wimbledon, na capital britânica, tornou-se mundialmente conhecido por abrigar o Clube de Tênis e Críquete de Todos os Ingleses, sede dos Campeonatos de Wimbledon. Símbolo maior do tênis, o torneio anual combina alto rendimento, aristocracia, tradição e paixão pelo esporte inventado por monges franceses no século 12 e mais tarde aperfeiçoado pelos ingleses. Wimbledon, que teve sua primeira edição masculina em 1877 e feminina em 1884, permaneceu como torneio amador até 1968, início da era aberta do tênis, que permitiu a participação de profissionais nos principais torneios.
Já escrevi sobre as portas e os sorrisos que Pelé abre para brasileiros pelo mundo, com fama e talento amplamente reconhecidos internacionalmente. Em recente visita ao museu e às lendárias quadras de grama de Wimbledon, fiz uma silenciosa homenagem a outro ícone esportivo, este com mais prêmios de vulto internacional que qualquer outro atleta brasileiro. Admirando troféus e quadros gravados com os campeões de Wimbledon, li 7 vezes o único nome brasileiro a vencer o torneio inglês, três na categoria individual e quatro em duplas: Maria Esther Bueno colocou o Brasil no mapa do tênis mundial, com 19 títulos de Grand Slam, como são chamados os quatro torneios mais importantes do tênis.
Publicidade
Apesar de ser citada quando se fala em tênis, lembrada pelos mais antigos e reverenciada no cenário internacional, no Brasil, Estherzinha não chegou a ter todo o reconhecimento que deveria, fruto do foco excessivo no futebol e em esportistas masculinos. Exemplo de determinação, quando acometida por uma tendinite em 1968, Bueno treinou incansavelmente para jogar com o braço esquerdo e seguir participando em torneios.
LEIA MAIS: Pelo mundo: Turim e o charme do tempo da realeza italiana
Publicidade
Uma das maiores rivais de Bueno, a americana Billie Jean King, teve sua história narrada em um filme de 2017. Em um país com raros exemplos públicos de virtude e onde pouquíssimos ídolos escapam de críticas e injustiças, quem sabe Maria Esther, falecida em 2018, aos 78 anos, tenha um dia sua biografia, seu esforço e sua rara combinação de talento, glória e humildade eternizados como exemplo para nossas novas gerações, atletas ou não.
Por Aidir Parizzi Júnior, exclusivo para o Magazine.
Publicidade