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GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

Pescadores ameaçam equipe de segurança para seguir colocando redes

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Barragem do Dom Marco é considerado um dos pontos críticos para a fiscalização

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A operação para coibir a pesca ilegal durante a piracema, iniciada em 1º de novembro, também lida com a violência de pescadores, que aproveitam a madrugada para colocar as redes ou retirar os animais presos. Alguns se utilizam de táticas agressivas para intimidar a equipe de segurança da barragem.

“Como os pescadores que fazem essa pesca predatória não vêm sozinhos, sendo geralmente dois, três ou quatro, intimidam muito o pessoal que trabalha na vigilância. Alguns chegam a vir armados com espingarda ou mesmo facões”, comentou o comandante da Patrulha Ambiental da Brigada Militar (Patram) de Rio Pardo, soldado Daniel Scremin. Nessa quinta-feira, 5, a reportagem da Gazeta do Sul acompanhou uma operação para retirada de redes em um dos pontos considerados críticos pela fiscalização: o anel de Dom Marco, no Rio Jacuí, em Rio Pardo.

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Scremin conta que também são fiscalizados acampamentos clandestinos com estruturas levantadas em áreas de preservação. “São locais onde, em muitos casos, estão indivíduos foragidos, com mandado de prisão, abigeatários e caçadores ilegais. Já encontramos nesses acampamentos uma série de redes, armas e até animais abatidos, como capivaras.”

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Os PMs recolhendo redes: algumas são presas às outras e chegam a cobrir 150 metros | Foto: Alencar da Rosa
Agentes mostram animal encontrado preso a uma das redes apreendidas | Foto: Alencar da Rosa

Um trabalho repleto de perigos

Para a operação, as comportas da Barragem do Anel de Dom Marco foram fechadas por funcionários da empresa responsável, a Pampulha Engenharia. A atividade contou com a fiscalização do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Mas, devido à baixa do nível da água durante a ação, ocasionada pelo fechamento das comportas, o barco utilizado pela Patram encalhou.

A tensão devido ao repuxo da correnteza não foi páreo para o sangue-frio do soldado Ramos, que desceu e conseguiu retirar o barco do banco de areia. Conforme Scremin, essa é uma das adversidades encontradas no trabalho da guarnição. Devido à correnteza, que vem com força abaixo da barragem, o perigo aumenta próximo da estrutura e o cuidado precisa ser redobrado.

Que sufoco: embarcação da Patram chegou a encalhar durante a operação, mas o piloto agiu rápido e o trabalho pôde continuar | Foto: Alencar da Rosa
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Scremin conta que, em épocas de seca, ferragens e outros pedaços de materiais metálicos de barcos naufragados ficam visíveis. Às margens da barragem, também é possível observar uma quantidade de cruzes, em homenagem aos que morreram afogados no local.

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Meta é encaminhar redes para a reciclagem

Antigamente, as redes apreendidas pela Patram eram guardadas pelas guarnições. Hoje em dia elas são registradas, acumuladas e incineradas em uma área licenciada de Pantano Grande. O comandante da Patram, porém, acredita que elas poderiam ter uma utilidade maior à comunidade.

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“Já existe uma conversa para conseguirmos trabalhar a reciclagem desse material em Santa Cruz do Sul. Seria bem melhor, pois teria uma utilidade. Ainda estamos aguardando o retorno de uma empresa sobre o assunto”, comentou Scremin, que tem 40 anos e há 18 atua na Brigada Militar. Além da fiscalização durante a piracema, a Patram de Rio Pardo trabalha monitorando a região, em serviços como licenças ambientais, de empreendimentos, balneários, construções irregulares, trânsito em acampamentos e caça.

A operação dessa quinta-feira contabilizou a apreensão de 30 redes, que chegam a 1,5 mil metros. Foram devolvidos ao rio aproximadamente cem peixes vivos. Os mortos e estragados chegaram a 20 quilos. As ações da Patram durante a piracema irão ocorrer, em média, uma vez por semana.

Parte da equipe junto com os itens apreendidos: foram 1,5 mil metros de redes recolhidas e cem peixes devolvidos para o rio


A sede do 2° Pelotão Ambiental fica em Rio Pardo e conta com dois Grupo de Polícia Militar Ambiental (GPMA), um em Rio Pardo e outro em Cachoeira do Sul. No total, o pelotão atende 30 municípios, 15 por Rio Pardo e outros 15 por Cachoeira.

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Atualmente, o prédio da Patram de Rio Pardo, no Bairro Fortaleza, está sendo reformado. “Estamos trabalhando para terminar nossa reforma e queremos inaugurá-lo ao longo dos próximos meses”, complementou Scremin. Além do comandante e do soldado Ramos, a organização da operação desta semana contou com a participação dos soldados Lucas e Barcelos, além do sargento João.

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Pesca individual não é proibida

A fiscalização contra a pesca predatória durante a piracema começou oficialmente no último domingo. Uma série de operações já foi projetada pela Patrulha Ambiental (Patram) da Brigada Militar de Rio Pardo para barrar a ação de criminosos e proteger os peixes, buscando garantir a reprodução de espécies nativas ao longo dos próximos três meses.

A ação dessa quinta-feira foi realizada junto à Barragem do Anel de Dom Marco, em Rio Pardo, porque o lugar muito utilizado por pescadores – o que já é proibido, normalmente, mas é mais grave durante a piracema, que se estende até 31 de janeiro de 2021.

“Nesta época de piracema, nós retiramos todo o material de redes, boias feitas com garrafas pet e esperas que estiverem no local da operação. Há uma incidência maior de pescadores nas proximidades das barragens, locais onde os peixes buscam subir o rio para desovar”, comentou o soldado Daniel Scremin, comandante da Patram de Rio Pardo. Desde o início da manhã, os policiais navegaram pelo Rio Jacuí, nas imediações da barragem, para retirar redes de pesca e outros apetrechos que possam coletar mais de um exemplar de peixe por vez.

Durante a piracema, peixes lutam para passar pela barragem e subir o rio | Foto: Alencar da Rosa


Scremin explica que a pesca simples é possível, mesmo durante a piracema. “É liberada a pesca com uma linha e um anzol por pessoa, com molinete e carretilha. Os pescadores profissionais, porém, na maioria das vezes atacam com as redes nas laterais, nas chamadas áreas de remanso, próximo das escadas da barragem. É nelas que os peixes buscam o acesso para subir e já chegam cansados, sendo que acabam presos pela armadilha”, afirmou.

Na maioria dos casos, são encontradas redes de 30 a 50 metros. Algumas delas, por vezes, são amarradas umas nas outras, o que aumenta o seu tamanho para até 100 ou 150 metros. Também há casos de redes que são deixadas no local e os pescadores as esquecem. “Já encontramos redes instaladas há mais de 20 dias, com os peixes completamente podres. Nesse caso, em específico, abrimos um buraco e os enterramos. Não havia mais o que fazer. Apenas capturaram os peixes e eles ficaram ali, para morrer e depois apodrecer.”

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