Os integrantes da organização monitoraram os passos de Moro
Em 71 páginas, a juíza federal Gabriela Hardt, da 9.ª Vara Federal de Curitiba, detalhou a investigação da Polícia Federal iniciada a partir do relato de uma testemunha protegida, ex-integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC), que revelou o plano da facção para sequestrar o senador e ex-juiz Sergio Moro (União Brasil-PR). Segundo a magistrada, foi cogitada uma ação no segundo turno da eleição, em 30 de outubro de 2022.
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A juíza abriu o sigilo de parte dos autos da Operação Sequaz, deflagrada anteontem com a prisão de 11 suspeitos, depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou em “armação de Moro” ao comentar o plano. No despacho, Gabriela destaca o que considera ser a motivação da tentativa de ataque. Ela citou a “notoriedade” que Moro ganhou à época da Operação Lava Jato e lembrou que, enquanto ministro, ele restringiu visitas em presídios federais, causando “grande dificuldade aos líderes de grupos criminosos para comandar seus negócios ilícitos de dentro da prisão”.
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“Desse modo, é possível aventar que um atentado contra a integridade do senador Sérgio Moro está sendo preparado pelo Primeiro Comando da Capital – PCC – a fim de demonstrar poder e causar temor ao Estado, como forma de supostamente diminuir a alegada opressão sofrida pela facção dentro do sistema prisional federal”, escreveu Gabriela.
Ao pedir as diligências, a PF detalhou o plano do grupo. “Após o recebimento dos dados telefônicos e telemáticos verificamos que as ações para a concretização do ataque ao senador Sérgio Moro iniciaram-se, efetivamente, em setembro do ano passado, justamente no período eleitoral, quando o atual senador era candidato ao cargo ocupado nos dias de hoje”, escreveu o delegado Martin Bottario Purper no relatório.
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“Vale lembrar que Sérgio Moro permaneceu com escolta por 180 dias, o que expirou em 24/10/2021, motivo pelo qual ocorreu uma janela de oportunidade interessante para os criminosos”, afirmou A PF espera descobrir por que o grupo não executou o plano interrogando os presos.
De acordo com as investigações, em meio ao planejamento da ação contra Moro, os integrantes da quadrilha também levantaram informações sobre a família do ex-juiz, que foi ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL). Os dados foram anotados em um caderno que foi apreendido. A PF também encontrou filmagens da fachada do prédio onde o ex-juiz morava em Curitiba, o que indica que os criminosos montaram campana.
Em momento algum, a decisão de Gabriela cita o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, do Ministério Público de São Paulo, como alvo do plano do PCC. Informações divulgadas anteontem apontavam que o promotor estaria na mira da facção. Há quase 20 anos exercendo o papel de investigador do PCC, Gakiya é frequentemente ameaçado pela organização criminosa.
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De acordo com a investigação, a quadrilha usava códigos para planejar a ação e identificar o alvo. Nas mensagens trocadas entre os criminosos, Moro era “Tóquio”; sequestro, “Flamengo”; e ação, “Fluminense”.
Os integrantes da organização monitoraram os passos de Moro, levantando uma série de dados pessoais do ex-juiz e sua rotina. Considerando a possibilidade do atentado ainda no segundo turno da eleição, eles chegaram a fazer um detalhamento do local de votação do senador eleito.
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Os investigadores identificaram a atuação do PCC em Curitiba há pelo menos seis meses, “com presença física dos investigados, veículos, bem como ações voltadas para a prática dos crimes” sob investigação. “As provas colhidas indicam que atos criminosos estão efetivamente em andamento na cidade de Curitiba há pelo menos seis meses, contando com a presença física dos investigados, compra de veículos, aluguel de imóveis e monitoramento de endereços e atividades do senador Sérgio Moro”, diz trecho do despacho de Gabriela. A investigação apontou uma das casas alugadas pela quadrilha fica perto do escritório de advocacia da família de Moro.
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