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GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

PLANO REAL – 25 anos!

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Hoje, quem tem por volta de 35 ou até 40 anos de idade provavelmente não tem noção de como era  viver num país com inflação de 1.000% ou 2.400% ao ano;  num mês, chegou a 82,39%, o que significa que  os preços quase dobraram de valor em apenas 30 dias. Era comum ver-se funcionários de estabelecimentos comerciais, principalmente nos supermercados, acionando freneticamente  as maquinhinhas de remarcação de preços; os financiamentos eram escassos e muito seletivos; as pessoas e empresas tinham dificuldades em planejar o presente, quem dirá  o futuro. Vivia-se de acordo com a filosofia dos AA: um dia de cada vez. 

Vários governos tentaram derrubar a inflação, através de planos e pacotes, geralmente impostos de forma autoritária, estabelecendo congelamentos de salários e preços, além de mudarem a moeda. Em 1986, o governo Sarney  iniciou a série , decretando  o Plano Cruzado I, cuja principal marca foi o congelamentos de preços; o governo até incentivou a ação de “fiscais do Sarney”, clientes   que, “em nome do presidente Sarney”, mandavam fechar as portas de mercados que tivessem reajustado algum preço.  Como costuma acontecer nos congelamentos, desde a antiga Babilônia, começou a escassez de produtos e, em consequência, a cobrança de ágio para quem não quisesse esperar   para conseguir atender a sua necessidade ou simples desejo.

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No fim de 1991, com a inflação acumulada de  472%, os empresários e trabalhadores já demonstrando insatisfação e sem apoio político, falava-se no impeachment de Fernando Collor, que foi aprovado pela Câmara de Deputados em 29/09/1992, tendo assumido o governo o seu vice, Itamar Franco. Liderado pelo ministro da Fazenda,  Fernando Henrique Cardoso, o  novo governo  lançou, em dezembro de 1992, o Plano de Estabilização Econômica, com o objetivo de preparar a economia para uma nova moeda – o real. O programa foi desenvolvido ao longo de um ano por um grupo de economistas – André Lara Resende, Edmar Bacha, Gustavo Franco, Pedro Malan, Pérsio Arida e outros, chamados de “pais do Plano Real” -, com características diferentes dos planos anteriores: foi anunciado com antecedência; não houve retenções de dinheiro nem congelamentos; sem conversões e, acima de tudo, sem dramas. Todos os contratos, salários e preços foram indexados em URV (Unidade Real de Valor), uma espécie de “moeda de transição”, corrigida diariamente,  e que fazia parte do Plano Real,  até migrar para o real. O alinhamento dos preços, através da URV, evitou o movimento de recomposição de perdas.

Finalmente, em 1º de julho de 1994, foi lançado o Plano Real,  tão eficaz que, com a inflação acumulada de 916,5% naquele ano, no ano seguinte, em 1995, caiu para 22,40% ao ano. Vários aspectos da vida dos brasileiros mudaram com o real e a estabilização da economia. A lista inclui desde mudanças no dia a dia das famílias até aquelas que contribuíram para transformar o quadro econômico e social do Brasil: 1) fim das compras para manter estoques  em casa: com frequente aumento de  preço e  receio de faltar algum item, as pessoas estocavam mercadorias em casa; 2) possibilidade de planejar o futuro; 3) não precisar gastar muito tempo pensando em como proteger seu dinheiro em investimentos nos bancos; 4) redução da pobreza: a inflação alta castiga mais aos pobres: 5) intolerância a “pacotes-surpresa”: as medidas do Plano Real foram anunciadas com bastante antecedência, evitando choques e distorções; 6) crescimento do crédito: a estabilidade e o controle da inflação permitiu a milhares de brasileiros comprar pela primeira vez uma TV, geladeira, carro ou casa; 7) facilitação dos investimentos.

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Talvez porque  o Brasil tenha sido submetido a vários outros planos econômicos  que fracassaram e pioraram o que já estava ruim,  por ideologia ou, ainda, por simples oposição política, o fato é que, quando de sua implantação,  muita gente foi contra o Plano Real: as  esquerdas brasileiras no todo e o PT, em particular, além de outros deputados, como um certo Jair Bolsonaro. Os benefícios do Plano Real são praticamente uma unanimidade nacional, reconhecido como fundamental para o Brasil, mas apenas Fernando Henrique  se elegeu presidente a bordo desse  plano; depois dele, só elegemos presidentes que foram contrários.  Curiosamente, Michel Temer, vice presidente  de Dilma e que completou o mandato dela, como deputado federal, em 1994,   votou a favor do Plano Real. Possivelmente, o Brasil não seria, hoje, o que é sem o Plano Real. Assim, cada real não representa só nossa moeda oficial, mas um pouco de história do Brasil.

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