Uma das jovens promessas da política santa-cruzense tornou-se o fenômeno da eleição de 2016. O ex-secretário Alex Knak (PMDB) surpreendeu a todos com uma votação extraordinária que lhe garantiu não só a condição de vereador mais votado como a segunda maior votação já registrada na Câmara nas últimas décadas – atrás apenas de Helena Hermany (PP), que fez 3.680 votos em 2000.
Foram 3,4 mil votos, 1.027 à frente do segundo colocado, que é ninguém menos que a ex-prefeita Kelly Moraes (PTB) – apenas uma entre vários políticos tradicionais que foram desbancados por Alex. O desempenho é resultado de um apoio massivo no Centro, o que fez com que despontasse desde a largada da apuração na noite de domingo e, ao final, ainda puxasse mais um candidato para o rol dos eleitos: Bruno Faller (PDT). “Ainda estou assimilando toda essa confiança que Santa Cruz me deu”, disse ontem à tarde.
Essa foi a sua terceira tentativa consecutiva de chegar à Câmara e a diferença em relação às duas primeiras é clara: advogado e empresário, Alex foi para a campanha com um capital político adquirido durante os quase três anos e meio em que esteve à frente da Secretaria de Transportes. Muitas vezes elogiado até pela oposição a Telmo, ele conseguiu se destacar ao conduzir um dos setores que mais mexem com o dia a dia da população.
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Foi na gestão de Alex que o governo promoveu uma série de mudanças estruturais no trânsito, sobretudo a expansão das vias de mão única, as nomeações de azuizinhos e a reforma do estacionamento rotativo pago. Soma-se a isso um trabalho individual do peemedebista para potencializar a própria imagem: durante todo o período em que esteve no governo, investiu em divulgar ações nas redes sociais e na atenção aos cidadãos que procuravam a secretaria.
Dentre os projetos que pretende defender enquanto parlamentar, está um que batizou de Contâiner do Conhecimento: uma estrutura móvel com computador, internet e ar-condicionado, que funcionaria como uma sala de estudos pública. “Nos bairros, muitas pessoas não têm em casa um ambiente adequado para estudar”, afirma.
Concorrer a prefeito ainda é um sonho, afirma
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No início de agosto, Alex chegou a ser lançado candidato a prefeito na convenção do PMDB. Um dia depois, o partido retirou a sua candidatura e retornou à base de Telmo, de onde havia desembarcado meses antes. À época, muitos achavam que a “trapalhada” minaria seus planos de conquistar uma vaga na Câmara. “Pessoalmente, me atrapalhou. Mas acho que fiz a coisa certa. Vou pegar experiência de Legislativo e vir mais preparado para lá na frente pensar em outros voos”, disse, acrescentando que se tornar prefeito ainda é um sonho.
Ele também nega que o episódio tenha desgastado sua relação com Telmo. “Sempre fui muito aberto com o prefeito. Nenhum movimento meu pegou ele de surpresa”, disse. Sobre a possibilidade de retornar à secretaria, deixou em aberto. “Quero muito assumir a Câmara, mas tenho muito respeito pelo prefeito. Sei que ele me quer muito bem. Tenho que escutá-lo.”
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DESEMPENHO
3,4 mil votos foi a votação de Alex Knak
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PMDB volta à Câmara após oito anos
Alex ainda garantiu, com a vitória, o retorno do PMDB à Câmara após oito anos sem representação. Conforme o presidente da legenda, Roberto Moura, o êxito dá um novo e importante fôlego ao partido. “Estamos fortalecidos”, comemorou.
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PT encolhe com votação baixa e perda de cadeiras no Legislativo
O pleito de domingo também apontou para um encolhimento do PT em Santa Cruz. Oito anos após chegar à Prefeitura pela primeira vez, o partido viu sua bancada na Câmara se reduzir de cinco para duas cadeiras e amargou um desempenho fraco do candidato a prefeito Gerri Machado – que fez apenas 1.444 votos e ficou em quarto lugar.
Para o vereador mais antigo e ex-presidente da sigla, Ari Thessing, o resultado da eleição da Câmara já era esperado. “O que aconteceu foi que em 2012 fomos excepcionalmente bem. Mas se formos analisar, elegemos dois vereadores com o nosso candidato a prefeito fazendo 1,4 mil votos, enquanto o Telmo fez 42 mil e o partido dele elegeu três”, pondera.
Segundo Thessing, a impugnação da candidatura de Gerri – que ainda está sub judice – foi o que determinou a sua baixa votação. “Ficou muito difícil pedir voto”, diz. Para ele, o fato de a candidatura ter sido encaminhada mesmo sob risco de não ser registrada pode ter sido um erro de avaliação. “Eu fui desde o início um dos avalistas da candidatura e não sabia dessa situação. Ele (Gerri) correu esse risco sem o partido saber”, criticou. O próprio Gerri admite que o fato de estar com a candidatura pendente deixou o eleitor “confuso” e alega que isso foi usado por seus adversários. Além disso, aponta fatores como dificuldade de arrecadação e a polarização entre Telmo e Sérgio. “Muita gente optou em um para tirar o outro.”
O vereador reeleito Paulo Lersch se disse “bastante decepcionado” com a votação de Gerri, mas disse que a redução da bancada na Câmara é consequência de um número menor de candidaturas. Ele admite, no entanto, que o desgaste sofrido pelo partido em nível nacional afetou o desempenho dos candidatos petistas. “Não sei dizer se afetou a minha votação individual, mas senti isso”, frisou. Na prática, o PT encolheu em todo o País: perdeu quase 60% das prefeituras que ocupava.
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