Cultura e Lazer

Princesa Mononoke retorna aos cinemas em meio aos 40 anos do Studio Ghibli

Em 2025, celebram-se os 40 anos de uma das produtoras mais importantes e inspiradoras da sétima arte. Trata-se do Studio Ghibli, fundado por Hayao Miyazaki (principal diretor), Isao Takahata, Toshio Suzuki e Yasuyoshi Tokuma. Para quem não conhece a belíssima trajetória do estúdio japonês, responsável por 23 longas-metragens, pense na Pixar. Embora sejam animações que atraem os olhares infantis, as temáticas muitas vezes comunicam-se com o público adulto. No caso da produtora norte-americana, os exemplos mais específicos são Up – Altas Aventuras, Toy Story 3, Os Incríveis e Soul, todas obras que, assim como o vinho, são mais bem saboreadas com o passar da idade.

Entretanto, as semelhanças com as obras japonesas param por aí. Primeiro, os traços são desenhados à mão por artistas e não por computadores. Além disso, mesmo as animações mais infantis do Studio Ghibli carregam tramas, personagens, diálogos e reflexões profundas e complexas. E embora sejam feitas no mundo oriental, são temas universais para serem apreciados por todos os públicos.

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No clima de celebração, uma das obras mais referenciadas de Miyazaki voltou aos cinemas em agosto, 28 anos após seu lançamento. Trata-se de Princesa Mononoke, uma animação complexa que definitivamente não é para crianças.

Sob os olhares do príncipe Ashitaka, acompanhamos um conflito constante presente na história da humanidade: o desenvolvimento industrial versus a preservação da natureza. De olho nos recursos naturais de uma região, Lady Eboshi, responsável pela Cidade do Ferro, avança sobre a floresta e seus seres milenares. Lá, San, a Princesa Mononoke, criada por lobos gigantes, defende de forma implacável a floresta e seus habitantes. 

Atualmente disponível na Netflix, Princesa Mononoke é uma obra que só irá envelhecer depois que tivermos destruído o planeta e consumirmos seus recursos. Enquanto houver desmatamento e matança de seres vivos, permanece mais atual do que nunca.

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Sob o olhar do ecologista

José Alberto Wenzel

Princesa Mononoke escancara as consequências de uma mineração degradatória: árvores são cortadas, rejeitos se acumulam, vapores e fumaça adensam uma atmosfera perniciosa, conflitos se exacerbam e deuses podem ser mortos. Se poderia dizer que assim como o ferro, objeto de desejo apossatório desenvolvimentista de imenso custo socioambiental, também as Terras Raras mobilizam, na atualidade, os esforços da humanidade, a ponto de guerras serem deflagradas.  

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Nada escapa da sanha minerária, nem os deuses e demônios, sequer o grande espírito da floresta, ao tempo em que a responsável pela mineração é benquista pelos que acolhe e abriga. Todavia, há um fio de esperança que se estende ao longo da obra e encontra seu melhor encaminhamento ao final, quando as áreas degradadas começam a se vestir novamente do verde reconstituidor da natureza. 

A  par da trama perturbadora que entremeia a animação, cada espectador encontrará momentos de identificação e empatia com esta ou aquela cena, o que promove diferentes interpretações, suscitando questionamentos multidiversos, particularmente no que tange ao deteriorante processo civilizatório consumista em curso.

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Karoline Rosa

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