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GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

Progresso

Li que o tradicional Hotel Siri, em Tramandaí, está sendo demolido para dar lugar a duas torres com 18 andares. É mais um pedaço da história de milhares de famílias gaúchas tragado pelo progresso.

Apesar do bom movimento registrado no último veraneio, o Hotel Siri é resultado da sucessão familiar de seu fundador. Os herdeiros preferiram livrar-se do imóvel, amealhar um bom dinheiro e abandonar a atividade hoteleira cheia de oscilações do nosso litoral.

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Lembro de um ano que a areia se acumulou até a altura das janelas, resultado de um inverno marcado por fortes ventos que açoitaram o litoral gaúcho e catarinense. As mulheres se dedicavam à faxina naquela casa com incontáveis quartos, uma cozinha enorme, uma sala imensa, banheiro e uma área coberta localizada nos fundos. Ali eram realizados lautos churrascos para uma legião de esfomeados parentes que acorriam ao chalé nos fins de semana.

O fim do Hotel Siri integra a recomposição da paisagem de nossas praias, além das dificuldades urbanas normais. Em Tramandaí, por exemplo, os alagamentos em dias de chuva nos fins de tarde são marca registrada. Por tratar-se de uma cidade plana, o escoamento é demorado, acarretando inúmeros contratempos e prejuízos.

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A desfiguração de nossas praias tem como exemplos emblemáticos os balneários de Capão da Canoa e Torres. Nessas duas cidades, a orla é marcada por arranha-céus que constrangem a passagem dos raios solares. A explosão imobiliária, aliada à dificuldade em manter imóveis grandes e antigos, fez da beira-mar local de espigões que ocupam áreas de casas as quais outrora abrigaram várias gerações de veranistas. O desenvolvimento engole o passado na inexorável marcha da civilização.

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